Após prisão de João de Deus, Casa Dom Inácio atrai poucos visitantes

Um dia após ser alvo de mandado de busca e apreensão, a Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), no Entorno do Distrito Federal, abriu nesta quarta-feira (19/12). Pela manhã, menos de 200 pessoas foram no local em busca de tratamento espiritual. A sessão, a primeira depois da prisão preventiva do médium João de Deus, começou mais tarde do que o usual, por volta das 9h. E uma hora depois já quase não havia fila no local.

A maior parte dos bancos ficou vazia. O silêncio era tamanho que era possível ouvir os grilos. A televisão, que tradicionalmente exibe filmes com operações feitas por João de Deus, trazia apenas o alerta que as traduções eram feitas em várias línguas. E o nome do líder, que antes da prisão era citado de forma constante, não foi mencionado nesta quarta-feira (19).

João de Deus está preso desde domingo (16), em Aparecida de Goiânia, acusado de abusar sexualmente de pacientes em consultas que ele realizaria de forma particular, no próprio centro.

Poucos foram os frequentadores dispostos a falar sobre o assunto. Um dos funcionários, que não quis ter seu nome identificado, adotou o discurso dos advogados de defesa e afirmou que o médium era muito assediado por mulheres. “Aqui nesta casa há apenas a verdade”, afirmava a oradora numa palestra para os poucos fiéis que ali se encontravam. Ela pedia energia para todos aqueles que passavam por provações.

O centro atrai mensalmente cerca de 10 mil pessoas – 40% deles, moradores de outros países. Nesta manhã, a maior parte dos frequentadores era de estrangeiros que já tinham ido a Abadiânia em outras oportunidades. Poucas eram as pessoas que estavam na Casa Dom Inácio nesta manhã pela primeira vez.

Ruas vazias
As ruas da parte nova da cidade amanheceram vazias. O impacto no movimento aterroriza o comércio da região. Os empresários temem que, mantida essa queda, os prejuízos serão ainda maiores. Já se fala em demissões. Situada a 113km de Brasília, Abadiânia tem atualmente 17 mil habitantes. A estimativa da prefeitura é de que a Casa Dom Inácio de Loyola seja responsável por cerca de 1.300 empregos, diretos e indiretos.

Não há, no momento, de acordo com funcionários, expectativa de se fechar a Casa Dom Inácio. O recesso de fim de ano, que foi cogitado, agora está praticamente descartado. Funcionários dizem ainda não haver sucessor para João de Deus. Caso a prisão se arraste, o “hospital espiritual’, que acreditam existir em cima da Casa, continuará funcionando por meio dos voluntários que fazem a corrente, afirmam.