Após polêmica, livro O Avesso da Pele volta às escolas do PR e de GO
O livro O Avesso da Pele havia sido retirado das escolas sob alegações de conter “vocabulário de baixo nível” e “vulgaridade”
atualizado
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O livro O Avesso da Pele, censurado em unidades de ensino de alguns estados sob a acusação de possuir “vocabulário de baixo nível” e “vulgaridade”, irá retornar às escolas do Paraná e de Goiás. O anúncio foi feito nas redes sociais da Companhia das Letras, editora responsável pela publicação da obra.
“É com muita satisfação que informamos o retorno de ‘O avesso da pele’ às escolas do Paraná e de Goiás, após seu injustificado e ilegal recolhimento. Felizmente, a decisão foi revista pelas Secretarias Estaduais de Educação, e o livro volta a estar disponível para os alunos de Ensino Médio”, diz trecho da publicação.
No início de março, o governo do estado do Paraná optou por retirar os exemplares das escolas estaduais de ensino médio. Embora reconhecesse a importância da temática do livro para o contexto educacional, a Secretaria Estadual de Educação considerou que algumas expressões e cenas presentes na obra não são adequadas para menores de idade.
Em nota enviada ao Metrópoles, a Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed-PR) informou que a obra “O Avesso da Pele” deve ser devolvida às escolas até o fim do mês de abril.
“Um processo de orientações e sugestões à rede estadual deve ser conduzido ainda nesta semana com a recomendação da indicação do livro para o público adulto e estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Ressalte-se que apenas 34 escolas receberam a obra com direcionamento aos estudantes”, disse a Seed-PR.
O mesmo aconteceu em Goiás. A Secretaria de Estado da Educação determinou o recolhimento do livro O Avesso da Pele das escolas estaduais por conter expressões, jargões e cenas de sexo considerados inadequados para menores de 18 anos. Na época, a pasta afirmou que o material seria analisado conforme a proposta pedagógica do currículo estadual.
Segundo a Secretaria de Estado da Educação de Goiás, “o livro passou por uma análise da equipe pedagógica” e, após a apreciação do conteúdo, “foi destinado para as escolas que atendem estudantes do Ensino Médio e para os Centros de Educação de Jovens e Adultos, passando a compor o acervo das bibliotecas das unidades escolares que atendem a estes públicos”.
Entenda a polêmica envolvendo o livro O Avesso da Pele
A obra O Avesso da Pele, do escritor Jeferson Tenório, foi envolvida em uma polêmica após a diretora de uma escola estadual de Santa Cruz (RS), identificada como Janaína Venzon, pedir ao Ministério da Educação (MEC) o recolhimento dos exemplares distribuídos para alunos do ensino médio, alegando “vocabulário de baixo nível” e “vulgaridade” de termos utilizados na história.
A diretora em questão expôs em um vídeo, nas redes sociais, trechos do livro que considerou inapropriados, desencadeando uma série de reações políticas e sociais. Os defensores da obra afirmam que a educadora descontextualizou as passagens para gerar polêmica.
No vídeo, Venzon aponta passagens do livro que retrata questões raciais e sexuais. Parlamentares conservadores de direita, como a deputada estadual Kelly Moraes (PL-RS) e os deputados federais Zé Trovão (PL-SC), Marcelo Moraes (PL-RS) e Bia Kicis (PL-DF), associaram a adoção do livro à gestão atual do Ministério da Educação e ao PT.
Contudo, o livro foi incluído no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) por meio de portaria publicada em setembro de 2022, ainda durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Antes disso, a obra passou por uma seleção publicada em edital de 2019, também durante o governo Bolsonaro.
Sobre o livro O Avesso da Pele
O livro O Avesso da Pele, do autor Jeferson Tenório, mergulha nas complexidades da condição humana. Publicado em 2020, o romance está inserido no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).
O enredo explora temas como identidade, racismo, sexualidade, e nuances da existência humana. A obra recebeu o troféu Jabuti, considerado o mais tradicional prêmio literário do Brasil, em 2021.