Após nova alta, Joaquim Leite diz que desmatamento é “inaceitável”
Ministros Tereza Cristina, da Agricultura, Joaquim Leite, do Meio Ambiente, e Carlos França, das Relações Exteriores, falaram sobre a COP26
atualizado
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O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, admitiu nesta segunda-feira (22/11) que o avanço do desmatamento ilegal é a “principal fragilidade” do Brasil no debate global sobre as mudanças climáticas, disse considerar “inaceitável” a rotina de aumento nos dados de desmatamento e garantiu que governo será “mais contundente” no combate aos crimes ambientais.
“Vamos fazer, diante dos números inaceitáveis do desmatamento divulgados na semana passada, junto com ministro Anderson, da Justiça, ações coordenadas para combater o desmatamento. Ibama, Icmbio, Força Nacional, e Polícia Federal vão atuar de forma contundente”, discursou ele em evento no Itamaraty.
Os ministros Tereza Cristina, da Agricultura, Joaquim Leite, do Meio Ambiente, e Carlos França, das Relações Exteriores, convocaram a imprensa nesta segunda-feira (22/11) para fazer um balanço da participação do Brasil na COP26 e reafirmar os compromissos assumidos pelo país, que incluem a erradicação do desmatamento ilegal até 2028.
O governo brasileiro segue pressionado pelos aumento da destruição das florestas nativas no país. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) publicados na última quinta-feira (18/11) mostraram que o desmatamento na Amazônia nos últimos 12 meses foi o maior desde 2006. Com um total de 13,235 mil km² de floresta perdida no último ano.
O represamento dessa informação, que já era conhecida pelo governo, para divulgação após a COP26 gerou críticas de ambientalistas dentro e fora do Brasil.
No balanço feito para a imprensa, Joaquim Leite negou saber desses dados, mas disse que seria “irrelevante” divulgá-los antes da Conferência das Nações Unidos para as Mudanças Climáticas: “A COP não é um lugar para ficar apontando fragilidades dos países, mas de buscar acordos possíveis para todos”.
Leite comemorou a regulamentação do mercado global de carbono, mas lamentou a resistência dos países ricos em financiar logo as ações das nações em desenvolvimento contra as mudanças climáticas.
“Surpreendente para nós”
No evento, o chanceler Carlos França classificou como “surpreendente para nós” o registro do aumento no desmatamento e reafirmou o compromisso que o Brasil fez na COP26. O ministro disse ainda que o documento final da conferência, que foi suavizado em relação à redução no uso de combustíveis fósseis, foi “o acordo possível”.
Para cientistas e ambientalistas, o acordo foi tímido e não serve para frear as mudanças climáticas que ameaçam o planeta.
Os ministro brasileiros também se manifestaram muito criticamente à proposta do Parlamento da União Europeia de barrar a importação de produtos ligados ao desmatamento em sua produção. Para Tereza Cristina, trata-se de “protecinismo climático” e “quando se coloca produtos como cacau e café, que não estão ligados ao desmatamento, mas até ajudam na proteção, há alguma coisa errada”.
Leite classificou a ideia como “inadmissível”, pois, logo após uma conferência global, seria contraproducente “a imposição de regras de um país ou um bloco sobre outros países quando o assunto for clima. Tudo precisa ser pactuado”. Segundo ele, “é um movimento que não deve ser aceito pelo Brasil”.
Mourão
Também na última semana, o vice-presidente Hamilton Mourão tentou explicar a resiliência do desmatamento.
“Olha, o que acontece é o seguinte, existe uma pressão do avanço, não vou dizer da civilização, mas um avanço das pessoas que moram no Centro-Sul do Brasil para áreas de terras não ocupadas na Amazônia. Então, há essa pressão”, analisou o general, que preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal (Cnal).
O vice-presidente quis liderar a comitiva do Brasil na COP26. Entretanto, o presidente Jair Bolsonaro lhe negou esse papel, que ficou com o ministro do Meio Ambiente.