Após Lula dizer que meta não precisa ser zero, Gleisi diz: “Sem drama”
Presidente do PT, Gleisi Hoffmann disse que Lula não desautorizou seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e defendeu realismo
atualizado
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No dia seguinte às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre as perspectivas para as contas públicas de 2024, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR) foi às redes sociais para dizer que o mandatário não desautorizou seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao dizer que a meta fiscal de déficit zero dificilmente será alcançada.
Em encontro com jornalistas na manhã de sexta-feira (28/10), Lula disse que “dificilmente” o governo cumprirá a meta de zerar o déficit fiscal no próximo ano. O objetivo está previsto tanto no Marco Fiscal, a nova regra de controle dos gastos públicos, quanto na peça orçamentária enviada ao Congresso para o ano que vem.
“O presidente @LulaOficial protegeu o ministro Fernando Haddad ao trazer para si a responsabilidade da política fiscal e reconhecer que o resultado primário zero será impossível para o ano que vem. Ao contrário do que falam alguns da mídia de que foi uma desautorização”, escreveu Gleisi na rede social X (ex-Twitter), na tarde deste sábado (28/10).
Gleisi, que é deputada federal, adicionou que “infelizmente” nem tudo depende do ministro e da equipe econômica e afirmou que Lula apenas admitiu que a realidade não permitirá o resultado almejado e, por isso, a meta terá de ser reavaliada.
“Quanto mais realistas as metas, menos complicadas ficam as negociações políticas. Sem drama, menos, a vida continua com a perspectiva de todos poderem melhorar”, concluiu.
Os ativos brasileiros reagiram negativamente às falas do mandatário, o que contraria o que vem defendendo a equipe econômica. Na sexta, o Ibovespa, por exemplo, fechou em queda de 1,29%, aos 113.301 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira (B3) chegou a subir 0,49% pela manhã. Depois disso, vinha andando de lado na maior parte da sessão. Após a manifestação do presidente, contudo, iniciou uma queda mais agressiva.
O dólar também não passou incólume às declarações do presidente. Ele encerrou a sessão desta sexta em alta de 0,46%, cotado a R$ 5,012, depois de ter atingido a mínima de R$ 4,931 e a máxima de R$ 5,019. Durante a manhã, a moeda americana havia registrado queda de 1,10%. Na semana, porém, ela acumula um recuo de 0,35%. No mês, a redução foi de 0,28% e, no ano, apresentou queda de 5,03%.
Dificuldades no Congresso
Haddad tem enfrentado dificuldades no Congresso para aprovar medidas que garantam aos cofres públicos aumento da arrecadação.
Nesta semana, por exemplo, Haddad foi pessoalmente até a casa do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), interceder pela votação do projeto de lei de tributação dos investimentos offshore e de fundos exclusivos.
A equipe econômica sequer conseguiu aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, que baliza o orçamento do próximo ano e tradicionalmente é aprovada até meados do ano anterior ao exercício financeiro.
Haddad e Tebet penam para aprovar medidas no Congresso até fim de 2023
Para zerar o déficit primário no próximo ano, o governo precisa de R$ 168 bilhões de receitas brutas adicionais, segundo estimativa do Ministério do Planejamento e Orçamento.