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Após fala intimidadora de deputado, vereadora revela “medo de morrer”

Na última quinta-feira (5/8), em discurso na tribuna da Assembleia de Goiás, deputado afirmou que vereadora merecia “um tiro na cara”

atualizado

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goias vereadora ameaçãda
1 de 1 goias vereadora ameaçãda - Foto: Divulgação

Goiânia – A vereadora pela capital goiana e fundadora da ONG Recanto Anjos Peludos, Luciula do Recanto (PSD), deve registrar ocorrência policial nesta terça-feira (1o/8), no 13º Distrito Policial, por volta das 10h, contra o deputado estadual Amauri Ribeiro (Patriota). Na última quinta-feira (5/8), a parlamentar foi citada em pronunciamento pelo deputado na tribuna da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Na ocasião, ele afirmou que ela merecia “um tiro na cara“.

“Eu fico puto quando vejo uma vereadora, igual essa aí de Goiânia que se diz protetora de animais, arrebenta o portão da casa de um cidadão, sem mandado, sem ordem judicial, porque ela também não é polícia, nem com ordem ela podia, e invade uma casa. Pra mim, merecia um tiro na cara. Quem invade o que não é seu, não merece nem viver”, disse Amauri.

Veja o vídeo:

Na ocasião, o vereador falava na tribuna sobre a titularização de terras assentadas em Goiás e o direito à propriedade. “As pessoas têm direito de defender o que é seu, a sua propriedade”, afirmou ele.

A fala do parlamentar se refere a uma ação da vereadora, em maio desse ano, quando ela acionou a Guarda Metropolitana e a Agência Municipal de Meio Ambiente, em denúncia contra uma rinha de galo, em Goiânia, após constatação de maus-tratos.

Por meio das redes sociais, a vereadora questionou: “Você acha certo uma pessoa pública falar que uma mulher que luta pelos direitos dos animais merece levar um tiro na cara?”. Na publicação, ela descreve o crime de ameaça. Em resposta, apoiadores têm demonstrado solidariedade.

“Medo de morrer”

“Senti revolta e muito medo de morrer”, disse a vereadora Luciula do Recanto após a fala do deputado Amauri Ribeiro. Ao Metrópoles, ela relatou estar apavorada com a situação. “Não é de hoje que sofro ameaças de morte, já passei alguma situações difíceis, até pela causa que atuo. Não é fácil, mas jamais imaginei isso. Estou apavorada e em pânico, ele colocou claramente a vida de uma mulher, uma parlamentar, em risco, porque foi uma ameaça. Ele disse que eu merecia um tiro na cara e merecia estar morta. Isso não é papel de um legislador”, disse ela.

” A partir do momento em que ele subiu na tribuna, como deputado estadual, e a usou para fazer apologia ao crime de homicídio, de ódio, ele desvirtuou tudo o que a tribuna pode beneficiar à comunidade. Realmente, eu fiquei muito indignada. Ninguém faz isso de graça. Desde que fui fiel depositária dos galos em questão, estou recebendo ameaças. Mas ele destorce as verdades. Já tinha recebido ameaças de outras dessas pessoas, mas não dessas forma, isso fere a honra da gente, o emocional e, inclusive, me priva de exercer o pleno poder que me foi instituído pela lei para legislar como vereadora pelo município de Goiânia”, continuou.

Ainda de acordo com Luciula, houve machismo nas declarações. “Fico muito triste em saber que temos homens no poder que se acham verdadeiros coronéis, ele deveria ser mais gentil e exercer seu mandato com sabedoria, mas, em vez disso, ele usa dessa condição para ameaçar a integridade física, psicológica e moral de mulheres”, completou.

“Nojo de vitimismo”

Também ao Metrópoles, Ribeiro disse que nunca foi a favor de rinha de galos, mas do criatório, que era o que ocorria na casa que Luciula denunciou. “E sobre o ‘tiro na cara’, eu falei que se alguém invadisse a minha casa, sem mandato e sem ser a polícia, eu faria isso”, disse.

O deputado afirmou que a vereadora não precisa temer pela vida, mas que responderá na esfera judicial. “Eu tenho nojo de vitimismo”, relatou.

De acordo com ele, pessoas ligadas a ONGs protetoras dos animais arrebentaram o portão do homem, que, na sua opinião, era a vítima, pois não trabalhava com rinha de galos. “Rinha é proibido, mas criatório não é. Essa vereadora arrombou um criatório.”

Amauri disse, ainda, que o homem e a sobrinha de 16 anos foram presos pela Guarda Civil Metropolitana (GCM). “O homem é um coitado. Prenderam ele e vão responder por isso. Eu nem conhecia ele, mas sou contra o ‘grande’ humilhar o pequeno”, desabafou.

“E digo mais: quero que me mostre o mandado para fazer o que foi feito. Se tiver, eu renuncio. E mesmo que tivesse, teria que entrar é com a polícia. Tudo que foi feito após arrebentar o portão foi ilegal.”

Repúdio

De acordo com a Mesa Diretora da Câmara Municipal de Goiânia, as afirmações do deputado foram “intimidatórias” e “em tom de ameaça”. Em nota, foi comunicado a adoção de medidas legais para defender e preservar o livre direito de atuação, manifestação e expressão da vereadora e dos demais 34 vereadores da capital.

Veja a nota na íntegra:

A Câmara Municipal de Goiânia lamenta e repudia profundamente as declarações intimidatórias, em tom de ameaça, do deputado estadual Amauri Ribeiro dirigidas à vereadora Luciula do Recanto durante pronunciamento na tribuna da Assembleia Legislativa.

A Mesa Diretora determinou nesta sexta-feira (6/8) à Procuradoria Geral a adoção das medidas legais cabíveis em defesa da honra e do livre direito de atuação, manifestação e expressão da vereadora e dos demais 34 vereadores que compõem o Plenário do Poder Legislativo da Capital.

Goiânia (GO), 6 de agosto de 2021
Mesa Diretora da Câmara Municipal de Goiânia

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