Após divisão, Haddad diz que ata do Copom mostrou “posições técnicas”
Ministro Fernando Haddad disse que a tensão no mercado “se dissipou”. Diretores do Copom se dividiram sobre o tamanho do corte de juros
atualizado
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse ter visto como “muito técnica” a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), realizada entre 7 e 8 de maio, na qual a taxa básica de juros do país, a Selic, foi reduzida de 10,75% para 10,50% ao ano.
Questionado por jornalistas sobre o documento, divulgado nesta terça-feira (14/5), ele respondeu: “Muito técnica a ata, muito adequada e está em linha com o que eu de fato esperava. Eu entendia que eram duas posições técnicas, respeitáveis, e a ata deixou claro que os argumentos de lado a lado eram pertinentes e defensáveis. Foi bom, na minha opinião”.
Houve um racha na diretoria do BC na discussão sobre o tamanho do corte. Dos oito diretores, quatro deles, todos indicados pelo atual governo do PT, votaram a favor da redução de 0,50 ponto percentual da Selic. Outros quatro optaram por uma queda menor, de 0,25 ponto percentual. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, resolveu o impasse. Ele aderiu à segunda turma, e os juros básicos caíram para 10,50%.
Embora a questão política tenha tido grande peso na discussão, como observaram diversos analistas, a ata traz detalhes do debate técnico entre os dois grupos sobre o tema. De acordo com o texto, ambos os núcleos de diretores concordaram que houve um aumento das incertezas no cenário econômico tanto interno quanto externo.
Os que optaram pela redução de 0,25 ponto, porém, consideraram que, embora o Copom tenha indicado na reunião de março um corte de 0,50 ponto, era fundamental diminuir esse valor. Diz a ata: “Tais membros ressaltaram que muito mais importante do que o eventual custo reputacional de não seguir um guidance (a orientação de corte de 0,50), mesmo que condicional, é o risco de perda de credibilidade sobre o compromisso com o combate à inflação e com a ancoragem das expectativas”.
Haddad acredita que a tensão no mercado após a divisão se dissipou. “Tinha mais rumor do que verdade. Está tudo tranquilo lá”.
“A ata fala por si mesma. Ela é bem técnica e justifica os dois posicionamentos, com muita clareza, para todo mundo que leu, entendeu que as questões estão bem colocadas”, completou.
Inflação
Haddad ainda foi questionado sobre a meta de inflação, se o Banco Central deve perseguir o centro da meta ou pode utilizar a banda (intervalo de tolerância). Ele respondeu: “A banda existe para casos excepcionais”.
A meta de inflação para 2024 definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Em seguida, o titular da Fazenda criticou o que chamou de “artifício” e “truque” para reduzir a inflação no último ano do governo Jair Bolsonaro (PL).
“Veja bem, nós pegamos uma inflação muito elevada, inclusive a inflação de 2022 foi muito superior da que se imagina, porque houve um artifício para reduzir a inflação ‘na mão’, que foi a desoneração dos combustíveis. Todo mundo sabia que aquilo era um truque para diminuir a inflação do último ano de governo. Mas a inflação do último ano do governo Bolsonaro estava mais para dois dígitos do que para um dígito, na minha opinião, mais para perto de 10% do que o que foi anunciado”, destacou o ministro.
E adicionou: “Agora, a inflação desse ano está menor ainda do que a do ano passado. Então, as coisas estão se conduzindo bem”.