Ex-governador Beto Richa classificou sua prisão como “crueldade”
O candidato ao Senado pelo PSDB deixou, neste sábado (15/9), carceragem no Paraná, após habeas corpus do ministro Gilmar Mendes, do STF
atualizado
Compartilhar notícia
Depois de quatro dias presos, o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) e sua esposa, Fernanda Richa, deixaram, na madrugada deste sábado (15/9), a carceragem do regimento da Polícia Montada do estado.
Fernanda foi solta pela Justiça do Paraná. Já o ex-governador, que concorre a uma vaga ao Senado, teve habeas corpus deferido pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) nessa sexta-feira (14).
Ele deu também salvo-conduto ao tucano em relação a qualquer determinação de prisão preventiva, o que suspende a recente ordem emitida pelo juiz Fernando Fischer e divulgada na noite de sexta (14).
Ao sair da carceragem, o tucano diz que vai retomar sua campanha e criticou a prisão em entrevista à imprensa. “O que fizeram comigo foi uma crueldade enorme, não merecia o que aconteceu, mas estou de cabeça erguida e continuo respondendo todas as acusações sem a menor dificuldade”, afirmou.
Confira a íntegra da decisão de Gilmar Mendes:
ADPF 444 – Beto Richa e Outros – íntegra da decisão do ministro Gilmar Mendes by Metropoles on Scribd
Segundo o Ministério Público, Beto Richa é suspeito de liderar uma organização criminosa que ordenava o recebimento de propinas de fornecedores do governo do Paraná.
“Foram dias, não posso deixar de reconhecer, de extremo sofrimento, pra mim e para toda minha família, e lamento que (tenha valor) a palavra de um indivíduo, de um delator, cujo histórico de vida não demonstra nenhuma credibilidade, ao contrário, total falta de credibilidade. Aí eu pergunto: vale a palavra dele ou a minha palavra?”
Beto Richa
A prisão gerou reações. A corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) abriu reclamação disciplinar para verificar se a iniciativa foi uma tentativa de influenciar no calendário político. Serão investigados também promotores que apresentaram ações contra os presidenciáveis Fernando Haddad, do PT, e Geraldo Alckmin, do PSDB.
O próprio ministro disse ver “notório abuso de poder” e a necessidade de que fossem colocados “freios” na atuação dos investigadores.
“Pelo que estava olhando no caso do Richa, é um episódio de 2011. Vejam vocês que fundamentaram a prisão preventiva a uns dias da eleição, alguma coisa que suscita muita dúvida. Essas ações já estão sendo investigadas por quatro, cinco anos ou mais. No caso de Alckmin, Haddad, todos candidatos. E aí [o MP] anuncia uma ação agora! É notório um abuso de poder”, declarou o ministro, quando questionado sobre o caso do tucano.
Segundo Richa, ele voltará a concentrar esforços em sua campanha para o Senado e se diz inocente. “Podemos voltar a falar em outro momento. Vou dizer aqui com muita clareza: entrei nesse regimento como homem honrado e saio daqui como homem honrado”, completou.
Mais envolvidos
Além da mulher do ex-governador, Fernanda, foram presos temporariamente na terça (11) o irmão de Richa e ex-secretário de Infraestrutura, Pepe Richa; o ex-chefe de gabinete Deonilson Roldo; e o ex-secretário Ezequias Moreira. Todos negaram as suspeitas e classificaram a operação de oportunismo.
As prisões atingiram figuras-chave no entorno do tucano, que estava em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para o Senado no Paraná, com 28%, de acordo com o último levantamento do Ibope. O candidato do MDB Roberto Requião aparece em primeiro, com 43%. (Com informações da Agência Estado).