Após críticas de Bolsonaro, Galvão anuncia que sai da direção do Inpe
O diretor do Inpe afirmou que, depois das críticas do presidente, ele já não tinha mais como permanecer no cargo
atualizado
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Após embates com o presidente Jair Bolsonaro (PSL), o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão, anunciou nesta sexta-feira (02/08/2019) que irá pedir demissão do cargo. Físico por formação, Galvão teria mandato até 2020.
Em entrevista dada nesta sexta-feira (02/08/2019), o atual diretor da instituição afirmou que a discussão com o mandatário da República gerou constrangimento insustentável. “O meu discurso em relação ao presidente criou um constrangimento. Tinha uma preocupação muito grande que iria respingar em mim”, explicou o diretor do Inpe após reunião com o ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicações, Marcos Pontes.
Recentemente, Bolsonaro acusou o Inpe de divulgar dados errados sobre desmatamento. De acordo com relatório publicado em julho, teria havido um aumento de 88% no volume do desmatamento na Amazônia, informação que foi questionada prontamente pelo governo. O presidente chegou a dizer que Galvão, que é professor de física da Universidade de São Paulo (USP), estaria agindo “a serviço de uma ONG”.
Nessa quinta-feira (01/08/2019), o chefe do Executivo sinalizou que Galvão já seria demitido. Em entrevista para a imprensa, Bolsonaro disse que “pode tomar uma decisão mais drástica” em relação ao diretor por causa da divulgação supostamente equivocada de dados sobre o desmatamento no país.
“Se quebrar confiança, vai ser demitido sumariamente, não tem desculpa para nenhum subordinado ao governo divulgar dado com esse peso de importância para o nosso Brasil. Nem na vida particular convivemos com pessoas que perdemos confiança. Temos muita responsabilidade em identificar se houve má-fé ou não”, disse Bolsonaro.
Em outra ocasião, o presidente acusou Ricardo Galvão de trabalhar em desfavor do Brasil, “Com toda a devastação que vocês nos acusam de estar fazendo e de ter feito no passado, a Amazônia já teria se extinguido”, declarou Bolsonaro.