Após confusão em restaurante, Wassef e casal relatam versões à polícia
Marido disse que ameaçou advogado porque sua mulher relatou cantada. Esposa alegou mal-entendido. Wassef indicou perseguição política
atualizado
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A cena parou o restaurante Chicago, na QI 11 do Lago Sul: o marido entrou aos berros no local e acusou Frederick Wassef – advogado da família Bolsonaro – de ter assediado sua esposa na saída do banheiro, alguns minutos antes. Além dos xingamentos, registrados em vídeos por clientes da casa, ele ameaçou Wassef com a faca, que pegou em uma das mesas.
O Metrópoles teve acesso aos depoimentos, prestados à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) neste sábado (22/8), dos três envolvidos diretamente no episódio.
Adroaldo Juliani, de 65 anos, e sua mulher, Marcia Juliani, de 53 anos, apresentaram versões contraditórias sobre a história. Ele disse que confrontou Wassef após sua esposa sinalizar que havia sido alvo de uma cantada. Ela, por sua vez, alegou no depoimento à polícia que houve um “mal-entendido”.
Wassef negou o assédio e disse ter sido ofendido pela mulher por questões políticas. “Ela é uma louca, petista, esquerdopata. Inventou uma mentira enorme para me prejudicar só porque odeia o presidente Bolsonaro”, disse Wassef ao Metrópoles neste domingo (22/8).
Versão de Wassef
O advogado contou em detalhes sua versão sobre o episódio. Wassef disse que saiu de casa no meio da tarde para comer um bife de tira na casa de carnes do Lago Sul. Foi sozinho e ficou em uma mesa no fundo do restaurante.
Em um certo momento, ele se levantou para falar ao telefone e se dirigiu para perto da saída do restaurante, longe, portanto, dos banheiros. Isso seria um sinal de que a versão do casal era mentirosa, alega Wassef.
Wassef disse que estava falando sobre política quando a mulher se aproximou e começou a observá-lo ao telefone. “Ela me reconheceu e começou a me xingar”, conta o advogado.
Segundo Wassef, o próprio marido, naquele momento, viu de longe a discussão e se aproximou para pedir desculpas pelo tom agressivo de sua esposa. Chegou até a oferecer duas notas de R$ 50 para “um chope” como um pedido de desculpas pelo transtorno, de acordo com a versão do advogado.
Minutos depois, de acordo com o relato de Wassef, Adroaldo Juliani voltou, jogou sobre ele um copo de Coca-Cola e começou a acusá-lo pelo assédio à esposa na porta do banheiro.
Wassef relatou que o homem pegou uma faca sobre a mesa e desferiu um golpe em sua direção. Ele conseguiu evitar a lâmina. O advogado então correu para escapar do ataque e chegou a ser perseguido pelo homem, que acabou sendo contido por terceiros.
Veja vídeos do caso:
Versão do casal
Em depoimento, Adroaldo Juliani – que disse ser um simpatizante do presidente Jair Bolsonaro – relatou que cumprimentou Wassef ao sair do restaurante no horário do almoço. E, ao chegar em casa, ouviu sua mulher relatar que o advogado havia “falado besteira” na saída do banheiro, segundo o registro de ocorrência.
O marido entendeu que sua esposa havia sido alvo de assédio, pegou o carro e voltou ao restaurante para confrontar Wassef. “Safado, sem vergonha. Atacando mulher no banheiro”, gritou o marido, como mostrou uma das gravações em vídeo.
Em seu depoimento na delegacia, a esposa disse que corroborava com o relato apresentado pelo marido. Mas considerou que houve um “mal-entendido”. Afirmou que, ao mencionar a “besteira” dita por Wassef na saída do banheiro, ela “se referia a conversas sobre políticas Bolsonaristas”. A mulher disse ter uma posição crítica sobre o governo Bolsonaro.
Procurado pelo Metrópoles, Adroaldo Juliani não quis entrar em detalhes sobre o caso e disse que as câmeras do restaurante vão mostrar o que realmente aconteceu.
Segundo a Polícia Civil do DF, Adroaldo Juliani pode ser enquadrado nos crimes de tentativa de homicídio, direção perigosa de veículo na via pública e porte de arma branca.
Preso em flagrante, ele passou a noite na delegacia e foi liberado no início da tarde deste domingo.