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Após falar de “inteligência americana” e “golpe”, Marcos do Val se explica à PF sobre trama contra Moraes

Marcos do Val tem depoimento marcado para esta quarta-feira no caso em que mudou de versão sobre suposta trama contra Moraes

atualizado

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STF PF senador prender Moraes
1 de 1 STF PF senador prender Moraes - Foto: Metrópoles

Depois de o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) negar trama para grampear o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Marcos do Val (Podemos-ES) vai se explicar aos investigadores da Polícia Federal sobre suas diferentes versões da história. O depoimento sobre o caso está marcado para esta quarta-feira (19/7), em inquérito que investiga ainda suposto plano golpista.

Do Val divulgou nas redes sociais que teria sido procurado para participar de um plano ao lado do ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), atualmente preso. O senador também acusou Bolsonaro de propor plano para dar um golpe de Estado quando ainda era o chefe do Executivo.

Depois de o senador mudar sua versão da história por diversas vezes, em março deste ano, o ministro Alexandre de Moraes determinou abertura de inquérito para apurar o caso. Na condição de testemunha, Bolsonaro prestou depoimento à PF na semana passada. Na ocasião, o ex-mandatário negou ter relação próxima com o senador ou ter feito qualquer plano contra o ministro.

Agora, Do Val terá de explicar as suas contradições e as afirmações de Bolsonaro, que apresentou à PF uma conversa de WhatsApp na qual diz ao senador que o suposto plano de grampear o ministro seria “coisa de maluco”.

Bolsonaro define ideia de gravar Alexandre de Moraes como “coisa de maluco”

“Inteligência americana”

Em relatório sigiloso da Polícia Federal, que mostra mensagens trocadas por Do Val com diversos personagens, o senador usa termos como “golpe” e ainda se coloca como interlocutor com a “inteligência americana” devido a “outra função” que exerce.

Matéria exclusiva publicada pelo colunista Rodrigo Rangel, no Metrópoles mostra que no auge das tratativas supostamente destinadas a armar uma arapuca para o ministro Alexandre de Moraes e criar condições para um golpe de estado, o senador Marcos do Val, do Podemos do Espírito Santo, enviou uma mensagem ao ex-deputado bolsonarista Daniel Silveira, apontado como seu comparsa na trama, na qual diz que, devido a uma “outra função” que exerce, teve de reportar informações “para a inteligência americana”.

No relatório, a PF registra que a mensagem “causa estranheza”. Em seguida, observa não ter encontrado registros de conversas travadas por Marcos do Val com contatos do exterior e cogita a hipótese de o tal “reporte para a inteligência americana” ser um mero blefe: “Mesmo havendo contatos com números americanos (DDI +1) no celular do senador não foram encontradas mensagens no aplicativo WhatsApp que se referissem ao compartilhamento da ‘missão’ com qualquer contato. É possível que DO VAL tenha dito (sic) tal afirmação apenas como um ‘blefe’”.

Contradições

Em entrevista para a revista Veja, no dia 1º de fevereiro, o senador afirmou ter ouvido diretamente do então presidente da República detalhes do plano para gravar clandestinamente Moraes. Disse que foi convidado por Bolsonaro a participar de um “golpe” para incriminar o ministro do STF.

Depois, no entanto, o congressista recuou e negou ter sido coagido por Bolsonaro. Ocorre que na gravação feita pela revista Veja o senador é questionado se o próprio presidente à época pediu para que a gravação ilegal fosse feita e ele responde que “sim”.

“Disse sim. Que o GSI ia me dar o equipamento para poder montar para gravar. Aí eu falei assim, quando eu falei que ‘mas não vai ser aceito’. ‘Não, o GSI já tá avisado’. Quer dizer, já tinha validado a fala comigo. ‘Eles vão te equipar, botar o equipamento de escuta, de gravação, e a sua missão é marcar com o Alexandre e conduzir o assunto até a hora que ele falar que ele, que ele avançou, extrapolou a Constituição, alguma coisa nesse sentido.’ Aí ele falou ‘ó, eu derrubo, eu anulo a eleição, o Lula não toma posse, eu continuo na Presidência e prendo o Alexandre de Moraes por conta da fala dele, que ele teria’”, explicou, em áudio.

Em entrevista posterior, Marcos do Val entra em contradição e diz que o ex-presidente teria ficado calado durante toda a reunião. Nesta versão, o parlamentar responsabilizou Silveira pelo plano e ainda garantiu que denunciou tudo ao ministro Alexandre de Moraes.

Quatro versões

Moraes, ao decidir pelas investigações, pontuou que o senador contou quatro versões sobre a reunião. “Ouvido sobre os fatos, o senador Marcos do Val apresentou, à Polícia Federal, uma quarta versão dos fatos por ele divulgados, todas entre si antagônicas, de modo que se verifica a pertinência e necessidade de diligências para o seu completo esclarecimento, bem como para a apuração dos crimes de falso testemunho (art. 342 do Código Penal), denunciação caluniosa (art. 339 do Código Penal) e coação no curso do processo (art. 344 do Código Penal)”, disse o ministro em decisão.

Veja uma das coletivas de Marcos do Val sobre a suposta reunião:

Veja o registro em vídeo da primeira versão de Marcos do Val sobre os fatos, em live durante madrugada:

8 de janeiro

Em junho, Moraes autorizou uma operação de busca e apreensão contra o senador Marcos do Val. As buscas ocorreram no apartamento funcional ocupado pelo parlamentar em Brasília, no gabinete dele no Senado e, ainda, em pelo menos um endereço no Espírito Santo.

As medidas foram solicitadas depois de os investigadores identificarem tentativas do senador de atrapalhar as apurações sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro. No fim de junho, o Do Val solicitou afastamento das atividades parlamentares após precisar de atendimento médico durante uma sessão na CPI que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro.

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