Após atender União Brasil, governo monta força-tarefa para acomodar Centrão
Lula deve definir reforma ministerial tão logo retorne ao Brasil. Trocas para agradar ao Centrão serão feitas no início de agosto
atualizado
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Mesmo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Bélgica e com a posse recente de Celso Sabino (PA), do União Brasil, no Ministério do Turismo, o Palácio do Planalto tem feito, ao longo da semana, uma força-tarefa para articular as trocas na Esplanada dos Ministérios e alocar mais aliados do Centrão no primeiro escalão do governo.
Desde segunda-feira, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, responsável pela articulação política com o Congresso Nacional, tem se encontrado com nomes do PP e do Republicanos para receber demandas e articular as próximas trocas.
A ideia é que as informações apresentadas por parlamentares a Padilha sejam entregues a Lula tão logo o presidente retorne ao Brasil, nesta semana. O presidente também deve marcar um encontro com Arthur Lira (PP-AL) para avançar nas negociações com o Centrão.
A expectativa é que as trocas ministeriais sejam realizadas até a primeira quinzena de agosto. Assim, o governo conseguiria aprovar as pautas consideradas importantes no Parlamento para o segundo semestre.
Republicanos e PP
Na segunda-feira (17/7), o ministro Alexandre Padilha recebeu o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) – que, recentemente, disse que a indicação de integrantes do partido para compor a Esplanada “melhoraria o humor da bancada”.
Motta citou o nome de Silvio Costa Filho (PE), também do Republicanos, que é um dos cotados do Centrão para assumir um posto no primeiro escalão de Lula.
Além de Silvio, outro nome bastante cotado para assumir um posto no governo é o do líder do PP na Câmara dos Deputados, André Fufuca (MA). Os dois foram recebidos, nessa terça-feira (18/7), por Padilha, no gabinete do ministro, no Palácio do Planalto.
O titular da SRI também declarou que integrantes da legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro, Partido Liberal, haviam iniciado diálogos com o governo para integrar a base.
“Não tem definição por parte do governo em relação a isso [ministérios]. Nós nos concentramos em um esforço para concluir o desfecho da reorganização de ministérios de partidos que já compõem o governo e queriam fazer reformulação de indicados”, disse Padilha na ocasião.
“Nesses três partidos, você tem vários parlamentares que já participaram da campanha do presidente Lula em primeiro turno, e que, de alguma forma, já dialogam nos seus estados com orientações para o governo. Vários desses parlamentares que se aproximaram ainda mais do governo depois dos atos golpistas”, completou o ministro.
Ministérios ainda precisam ser definidos
Apesar de ainda esperar uma definição de Lula sobre o assunto, o Palácio do Planalto já dá como certa a entrada de André Fufuca e Silvio Costa Filho no governo. O destino dos dois, porém, ainda não foi definido.
O PP, por um lado, quer o comando de pautas consideradas estratégicas, como é o caso do Ministério da Saúde e do Ministério do Desenvolvimento Social, que recebem grande parte das emendas parlamentares.
O presidente Lula, porém, já anunciou publicamente que as duas pastas são suas e que uma troca no comando desses ministérios não deve ocorrer.
Já o Republicanos tem demonstrado interesse em assumir a chefia do Ministério do Esporte ou do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Questionado sobre quais ministérios Silvio e Fufuca poderiam assumir, uma vez que o presidente já rechaçou trocas na Saúde e no Desenvolvimento Social, o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), ressaltou que a Esplanada tem 37 ministérios.
“Em política, tudo tem solução. Evidentemente que o xadrez é difícil, mas não é impossível”, disse. “Essas forças políticas virão para o governo a qualquer momento”, afirmou Guimarães, referindo-se ao PP, ao Republicanos e a outros integrantes do Centrão.
Além das mudanças no comando de ministérios, as trocas também devem afetar a Caixa Econômica Federal e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). O banco público, pelas contas do Centrão, rifaria Rita Serrano para abrigar o ex-ministro Gilberto Occhi, indicado pelo PP.
Já a recém-recriada Funasa, que conta com um orçamento bilionário, é disputada por PP e União Brasil. O Planalto, porém, insiste que o comando do órgão será entregue a um nome técnico e de carreira.
Ainda no âmbito da Funasa, o Centrão quer que o órgão permaneça sob o guarda-chuva do Ministério da Saúde, como já é atualmente, o que garantiria um orçamento, com base na apresentação de verbas de emendas parlamentares. O governo, porém, defende que a fundação fique na estrutura do Ministério das Cidades, comandado por Jader Filho, do MDB.
Outro pedido do Centrão é a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), que hoje é comandada por Marcelo Freixo (PT), aliado próximo de Lula e com quem o ministro Alexandre Padilha deve se reunir nos próximos dias.