Após apreensão de suspeito, alunos fazem ato em colégio do massacre
Vestidos de branco, estudantes carregam faixas, fazem orações e prestam homenagens às oito vítimas
atualizado
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Enviado especial a Suzano (SP) – Na véspera de o atentado na Escola Estadual Professor Raul Brasil completar uma semana, nesta quarta-feira (20/3), estudantes fazem manifestação no local. Vestidos de branco, eles carregam faixas, fazem orações e prestam homenagens às oito vítimas.
A estudante Júlia Vitória Santos da Cruz, 15 anos, foi uma das primeiras a chegar no local, apesar de não estudar no Raul Brasil. “Eles foram vítimas enquanto estavam na escola para estudar. Assim como qualquer estudante. Voltei às aulas, mas estou com medo”, afirma.
Já a estudante Layra da Silva Mendes, 17, estudou no colégio do massacre até o ano passado. Muito emocionada, ela lamentou o tiroteio. “A cidade conseguirá superar, mas é preciso união. Estamos fazendo o ato para confortar as famílias “, destaca.
Os estudantes formaram um círculo e chamaram os nomes das oito vítimas do massacre. Ao final, gritaram “presente”. O ato continuou com músicas religiosas e caminhadas ao redor da escola.
A coordenadora do Escola Estadual Leda Fernandes Lopes, Melissa Romero, participou da homenagem. Ela levou 80 alunos sob sua supervisão para a manifestação. ”Eles têm muitos amigos nesse colégio, pessoas queridas. Estamos muito comovidos. Tenho amigos que perdi de quando eu estudei nessa escola”, disse, com a voz embargada.
Os participantes da manifestação estão focados em conscientizar os alunos sobre respeito e amor ao próximo para evitar novos casos. “Estamos tentando fazer com que eles tenham carinho, princípio de vida e algo de bom para oferecer nessa hora. Tentamos dar o nosso melhor para que possamos ajudar, não trazer mais peso”, explica.
Nesta terça-feira (19), o menor, de 17 anos, suspeito de ajudar na elaboração do massacre, foi apreendido. Por volta das 10h30, a audiência de apresentação começou com a juíza Erica Marcelino da Cruz, da Vara de Infância e Juventude, no Fórum de Suzano.
Após a apresentação à Justiça, a magistrada pode manter os 45 dias de internação ou decretar outra medida, como liberdade assistida. O advogado Macelo Feller faz a defesa do adolescente. O rapaz é acusado de instigar o ataque e de ter ajudado na compra de armas e outros itens usados no massacre.
Após análise do material apreendido, os policiais concluíram que o menor trocou mensagens com os atiradores e manifestou interesse em participar da investida. Depois do tiroteio, ele teria comemorado o saldo de vítimas. Na última sexta-feira (15), o adolescente prestou depoimento por quase três horas e negou participação no crime.
Para os investigadores, há indícios claros de que ele arquitetou o ataque com o adolescente de 17 anos e o rapaz de 25 que executaram oito pessoas na última quarta-feira (13), sendo cinco estudantes, duas funcionárias e o tio de um dos atiradores.
Nesta terça (19), o colégio Raul Brasil recebe alunos para atendimentos psicológicos. As aulas continuam suspensas e a Secretaria de Educação de Educação de São Paulo ainda não definiu uma nova data para a retomada das atividades pedagógicas.
Veja fotos do dia de acolhimento na Escola Estadual Raul Brasil: