Após acordo com MPF/RS, Santander terá exposições sobre diversidade
Termo de compromisso decorre do encerramento antecipado da exposição “Queermuseu”, depois de acusações não comprovadas de pedofilia
atualizado
Compartilhar notícia
Quatro meses após o encerramento antecipado da exposição “Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira”, em Porto Alegre, o Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul (MPF/RS) celebrou termo de compromisso com o grupo Santander Cultural para a realização de duas novas mostras. Os temas serão sobre diferença e diversidade, na ótica dos Direitos Humanos.
O novo acordo surgiu em decorrência da eventual lesão à liberdade de expressão artística com o cancelamento da “Queermuseu” após acusações de grupos conservadores de que as obras faziam apologia à pedofilia, zoofilia e ofendiam símbolos religiosos – o que não se verificou na realidade. A partir do termo assinado com o MPF/RS, o Santander Cultural se compromete a patrocinar duas exposições, que ficarão abertas por aproximadamente 120 dias.
Em uma das mostras, o centro cultural abordará a questão da intolerância a partir de quatro eixos centrais: gênero e orientação sexual, étnica e de raça, liberdade de expressão e outras formas de intolerância através dos tempos.Já a outra exposição tratará sobre as formas de empoderamento das mulheres na sociedade contemporânea, assim como a diversidade feminina, incluindo questões culturais, étnicas e de raça, de orientação sexual e de gênero.
Como medida informativa, fica estabelecido que o Santander Cultural deverá comunicar ao público sobre eventuais representações de nudez, violência ou sexo nas obras que serão expostas, assegurando, assim, a mais plena proteção à infância e à juventude. Caso o acordo não seja cumprido, o Santander Cultural pagará multa de R$ 800 mil.
Polêmica
A exposição “Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira” foi fechada após intensa campanha do Movimento Brasil Livre (MBL), que a acusou, nas redes sociais, de blasfêmia e de fazer apologia à zoofilia e à pedofilia. As peças apresentavam a temática LGBT, questões de gênero e de diversidade.
Entre os artistas, havia nomes consagrados como Alfredo Volpi, Cândido Portinari, Clóvis Graciano, Ligia Clark e Leonilson. O evento foi viabilizado por meio da captação de R$ 800 mil da Lei Rouanet.
A polêmica gerada foi tanta que diversos representantes do Ministério Público do Rio Grande Sul visitaram a “Queermuseu”. Eles averiguaram que as obras de arte não faziam apologia à pedofilia ou a qualquer outro crime, e pediram a reabertura da mostra. O Santander não acatou a solicitação, no entanto. (Com informações do MPF/RS)
Conheça algumas das obras que fizeram parte da exposição: