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Antes de se entregar à PF, Lula discursa: “Entro de cabeça erguida”

Durante 55 minutos, o petista disse que não resistiria à prisão, falou ser inocente e garantiu não haver provas no caso do triplex

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1 de 1 _FL_4140-840×560 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Enviados especiais a São Bernardo do Campo (SP) e Curitiba (PR) – Aos gritos de “Lula, guerreiro do povo brasileiro” e “não se entrega, não se entrega”, Luiz Inácio Lula da Silva deixou o edifício-sede do Sindicato dos Metalúrgicos, no ABC Paulista, neste sábado (7/4), após mais de 40 horas de confinamento, para o seu primeiro discurso depois de ter a prisão decretada pela Justiça.

Durante 55 minutos, Lula atacou o Ministério Público, desafiou o juiz Sérgio Moro e garantiu entrar na cadeia “de cabeça erguida” e “sair de peito estufado”. Ao descer do carro de som, foi carregado pela militância.

O petista fugiu do tradicional vermelho e escolheu uma camiseta azul-marinho e calça jeans. Ao lado de lideranças do Partido dos Trabalhadores, como a ex-presidente Dilma Rousseff, o líder esquerdista fez questão de relembrar o legado educacional dos seus oito anos de governo. “Eu tenho o profundo orgulho de ser o primeiro presidente da República sem diploma universitário, mas fui o presidente que mais construí universidades”.

 

 

 

Alternando brincadeiras e falas carregadas de raiva, Lula chegou a propor um desafio a Moro e, embora discordasse da prisão, disse não estar “acima da Justiça”. “Queria fazer um debate com o Moro sobre a denúncia, para que ele me mostrasse as provas”. Ele garantiu, ainda, que não vai resistir à ordem de prisão: “Eu vou cumprir o mandado”.

Missa
O ex-chefe do Executivo nacional saiu do entrincheiramento com a justificativa de participar da missa em memória a dona Marisa, que faria 68 anos. A cerimônia foi celebrada por dom Angélico Sândalo Bernardino. O clérigo de 85 anos é amigo pessoal de Lula e, inclusive, em janeiro, ganhou dele um almoço surpresa. O religioso conduziu a cerimônia de corpo presente no velório da ex-primeira-dama, que morreu em fevereiro de 2017.

Angélico foi nomeado bispo em 2000 e, atualmente, dirige a Diocese de Blumenau (SC). O religioso é conhecido por ter uma inclinação política à esquerda. Na época do impeachment de Dilma Rousseff, fez discursos dizendo que se tratava de um golpe.

Durante o sermão que antecedeu a detenção de Lula, o bispo classificou a decisão de Sérgio Moro como um golpe. “Aqueles que deferiram longos golpes terão que permanecer com o pesadelo, mas na memória do povo brasileiro ficará marcada a resistência”, disse.

Acompanhe a transmissão ao vivo:

 

Durante a missa, o clima na militância era de tristeza. Com a certeza da rendição da maior liderança da esquerda no país, muitos se abraçavam e choravam. Alguns ainda tentavam convencer os colegas a resistir e não aceitar que Lula fosse levado por agentes federais.

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Lula pouco antes da prisão, em abril de 2018
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Fachin nega HC
O local está cercado há dois dias por milhares de militantes da esquerda e representantes de movimentos sociais. Enquanto todos aguardam o desdobramento dos fatos neste sábado (7/4), Lula, mesmo com a prisão decretada, não desistiu de recorrer à Justiça para impedir a execução da pena de 12 anos e 1 mês de reclusão à qual foi condenado.

Após ter pedido de habeas corpus (HC) negado pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Felix Fischer, a defesa do petista focou todos os esforços no Supremo Tribunal Federal (STF). Na corrida contra o tempo para garantir a liberdade do ex-presidente, a Corte representava a última esperança.

A aposta dos advogados de Lula era uma reclamação constitucional ajuizada na noite dessa sexta-feira (6). No processo, a defesa argumenta que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) descumpriu a lei ao permitir a prisão do político, pois, para os defensores, ainda não acabaram todos os recursos possíveis em segunda instância.

Como a ação sob a relatoria do ministro Edson Fachin, o qual negou o HC neste sábado, as chances do petista foram por água abaixo. O magistrado é um dos que defendem no STF a prisão após condenações em segunda instância. No julgamento que definiu a jurisprudência sobre o tema, em 2016, expressou esse posicionamento e, como relator de habeas corpus impetrado pela defesa de Lula, negou o pedido tanto em fase liminar como no plenário.

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