Apex convoca funcionários de Miami a explicar conduta de Lourena Cid
Apex abriu comissão interna para investigar “possíveis desvios de conduta” na gestão de Lourena Cid, ex-chefe do escritório em Miami (EUA)
atualizado
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A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) convocou três funcionários do escritório em Miami, nos Estados Unidos (EUA), para participar dos primeiros depoimentos na comissão interna que investiga “possíveis desvios de conduta” na gestão do general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).
O trio deve ser ouvido na sede da Apex, em Brasília, no Distrito Federal, na próxima semana. Entre eles, estão Michael Rinelli, analista de investimentos; Fernando Spohr, representante da Apex em Miami; e Paola Bueno, integrante da área de recursos humanos. A informação foi publicada primeiramente pela CNN e confirmada pelo Metrópoles.
De junho de 2019 a janeiro de 2023, o general da reserva Lourena Cid chefiou o escritório em Miami. O cargo dele na Apex era fruto de uma indicação do então presidente Jair Bolsonaro — ambos têm relação de longa data.
O militar é acusado de usar a estrutura da agência com objetivo de apoiar movimentos golpistas e participar do acampamento bolsonarista montado no Quartel-General do Exército, em Brasília (DF).
Esse suposto desvio de conduta de Lourena Cid foi revelado após o colunista Aguirre Talento, do portal UOL, publicar, na terça (2/4), um vídeo que mostra o general circulando pelo acampamento golpista montado no QG do Exército, em 3 de dezembro de 2022, com um funcionário da Apex-Miami.
O atual procedimento interno contra o militar foi aberto após o presidente da Apex, Jorge Viana, tomar conhecimento dos possíveis desvios de conduta do general em março deste ano, durante visita ao escritório da agência em Miami.
Lourena Cid leva funcionário a QG golpista
Nas imagens divulgadas pelo UOL, Lourena Cid aparece ao lado de Michael Rinelli, analista de investimentos da Apex, até o acampamento golpista no QG do Exército em 3 de dezembro de 2022. Em um dos vídeos, é possível ver o general e Rinelli circulando no local.
Segundo a reportagem, o militar teria convidado dois funcionários da agência para conhecer a área militar de Brasília, mas não teria informado que visitariam o acampamento – composto por pessoas que contestavam os resultados das eleições presidenciais de 2022.
Ao Metrópoles a Apex Brasil informou que, em meados de março deste ano, durante visita ao escritório da agência em Miami, o presidente Jorge Viana “tomou conhecimento de possíveis desvios de conduta na gestão do general Lourena Cid” e que, ao retornar para Brasília, reuniu “a diretoria executiva, que decidiu determinar rigorosa apuração interna sobre as informações”.
No momento, a Apex aguarda o resultado desse processo interno para tomar as devidas providências, bem como espera a conclusão das investigações em curso conduzidas pela Polícia Federal (PF).
O Metrópoles tenta contato com os três funcionários da Apex. O espaço segue aberto a manifestações.
Confira a nota da Apex Brasil na íntegra:
“No mês passado, entre os dias 12 e 15/3, a Apex Brasil realizou encontro com adidos de comércio das representações brasileiras nos Estados Unidos e no Canadá. A caminho da reunião, em Washington, o presidente da Apex Brasil, Jorge Viana, visitou o escritório da Agência em Miami. Lá, tomou conhecimento de possíveis desvios de conduta na gestão do general Lourena Cid. Em seu retorno a Brasília, reuniu a diretoria executiva, que decidiu determinar rigorosa apuração interna sobre as informações.
A Apex Brasil aguarda o resultado desse procedimento para tomar as providências que se fizerem necessárias. Da mesma forma, espera também as conclusões das investigações em curso conduzidas pela Polícia Federal.
A Apex Brasil tem importante função no desenvolvimento e na ampliação da participação nacional no fluxo global de comércio exterior e atração de investimentos para o Brasil. E assim seguirá trabalhando”.