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Apesar da má fama, pit-bulls podem ser dóceis. Entenda a raça

Reportagem conversou com especialistas para entender quais são as características da raça e quais fatores que levam a atacar outros cães

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Pit bull brincando e se divertindo no parque - Metrópoles
1 de 1 Pit bull brincando e se divertindo no parque - Metrópoles - Foto: Reprodução/ Getty Images

Os cães da raça pit-bull são conhecidos pela força física e pela aparência musculosa. O animal surgiu pelo cruzamento de buldogues e terriers durante o século 19. Entretanto, os cachorros foram registrados pela primeira vez na United Kennel Club (UKC) — empresa que faz registro de cães, em 1898. 

Inicialmente, esses animais foram criados para combate com outros cães, devido à resistência e tenacidade. Apesar disso, ao longo do tempo, a natureza da raça foi moldada pelo manejo humano, resultando em cachorros que podem ser extremamente afetuosos, carinhosos e protetores com os donos. Além disso, possuem características como inteligência e grande energia. 

De acordo com a médica veterinária Jaque Souza, é importante reconhecer que o comportamento de um cão é moldado pela criação, socialização e treinamento que recebe. “Os pit-bulls não são cães naturalmente agressivos, já tem bastante tempo que eles deixaram de ser criados para essa finalidade. No passado, eles realmente eram criados para lutas, mas essa agressividade não era contra o ser humano, e sim contra outros animais. Um fator que pode explicar ataques é a falta de socialização, crescendo um cão sem limites e sem saber como agir”, aponta ao Metrópoles

“Não é só o pit-bull que pode ficar agressivo se ele for criado de qualquer maneira, mas qualquer cachorro. Podemos perceber cães pequenos de forma extremamente agressiva, sem obedecer os donos e que não foram socializados da forma correta. Isso só mostra que as pessoas, ao adotar um cão, precisam estudar sobre comportamento. Porque os cachorros, pequenos ou grandes, não podem crescer achando que são os donos da casa, pois podem se tornar um animal que ninguém coloca a mão”, explica a especialista.

Para Jaque, o ambiente social precisa ser favorável para o crescimento do cachorro. “A convivência com outros animais, com outras pessoas e regras desde muito cedo é muito benéfico para o animal”, diz.

Vale lembrar que um cão que recebe estímulos e atividades para fazer no dia a dia consegue lidar melhor com o estresse. “Não só o pit-bull, mas algumas raças grandes possuem muita energia. É interessante que a pessoa que escolhe uma raça dessas saiba como educar, como liderar, tenha hábito de criação e de diálogo com o cachorro. Com certeza, faz toda a diferença”, aponta.

Por fim, Jaque explica o que fazer em situações de possíveis ataques. “É preciso imaginar que quando um cão chega a atacar é que, na cabeça dele, ele está lutando pela vida. Ou ele vai fugir ou ele vai lutar para se defender. É difícil manter o controle, mas é recomendável não gritar, não se movimentar muito e não sair correndo. Caso ocorra o ataque, a pessoa pode tentar deitar no chão, se enrolar e ficar em posição fetal, protegendo a cabeça e o pescoço”, ressalta.

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Pit bull terrier de raça pura olhando para longe
Dois Pit Bulls
Cachorros felizes brincando no parque
Cachorro sorrindo para foto
Filhote de pit bull loiro sentado
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Cachorro da raça pit-bull

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Para o adestrador de cães Jaquison Machado, a raça tem um “drive de caça” alto, por isso é importante estar atento ao ambiente que o cachorro vai crescer e desenvolver.

“Pitt-bulls têm a tendência genética a brigar com outros cães e não ser agressivo com o ser humano. Essa foi a seleção que fizeram a sua raça. Não são todos, mas muitos cães que já vem com uma genética de caça e outros com uma genética ligada a briga. O manejo tem que ser feito ainda nos primeiros meses de vida por uma pessoa bem treinada, o que ajuda bastante para o controle desses impulsos de ataque. O pit-bull é um cão que precisa desde cedo ser socializado com todos animais e principalmente crianças, além disso, precisa praticar exercícios físicos para canalizar o instinto de caça. O animal não é uma raça para qualquer um ter, pois muitas pessoas não conseguem se impor a um cão. Então é preciso ter um acompanhamento profissional desde a chegada na casa, com treinos junto a seus tutores”, informa o especialista.

O adestrador relembra que a criação influencia em atitudes agressivas. Portanto, é preciso que o dono tenha total controle do animal. “Todos os cães devem ser adestrados, mas principalmente cães de grande porte, devido a força. O treinamento correto desde o 1° mês de vida ajuda a evitar comportamento inadequado. Mas saber respeitar o cachorro é essencial, como deixá-los em espaços adequados, manter rotina de passeios e a socialização são essenciais para não criar um cachorro agressivo”, diz.

O adestrador ainda informa sobre a forma de passear com cachorros de grande porte. “Em via pública com cães de grande porte, eles devem estar com focinheiras e guias de qualidade. Em muitos casos, é possível ver muitas pessoas usando material frágil para conter cães”, conclui.

Conforme a Secretaria de Saúde, ao levar uma mordida de cão, mesmo que seja vacinado, é necessário lavar imediatamente o ferimento com água e sabão em barra. Em seguida, procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS).

Casos de ataques no Brasil

De acordo com dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) apontam que, em 2023, 51 pessoas morreram no Brasil após serem atacadas por cães — sem definição da raça. Esse número é considerado 27% maior do que o registrado em 2022, quando houve 40 mortes.

O Estado de São Paulo lidera o ranking de óbitos, nos últimos cinco anos, foram 44 casos. Apenas em 2023, foram 19 mortes, aumento de 137,5% em relação ao ano anterior.

Confira alguns casos registrado esse ano:

Escritora

A escritora Roseana Murray, de 73 anos, foi atacada por três pit-bulls na manhã do dia 5 de abril, em Saquarema, Região dos Lagos. Devido a gravidade das mordidas, ela perdeu um dos braços e uma das orelhas.

Ataque no Paraná

Um pit-bull atacou dois homens, resultando em ferimentos graves. O incidente ocorreu no dia 19 de junho, na Rua Leonardo da Vinci, no Bairro Interlagos.

As duas vítimas foram encaminhados ao hospital da região para o tratamento dos ferimentos.

Ataque no Mato Grosso do Sul

Três pessoas ficaram feridas após serem atacadas por um cachorro da raça pit-bull enquanto caminhavam em um parque no bairro Oscar Salazar, em Campo Grande. O caso foi registrado na manhã do dia 19 de junho. O animal foi contido pelo animal e amarrado em uma cerca até a chegada da Polícia Militar.

Ataque no Rio de Janeiro

Um cachorro da raça pit-bull, passeando sem focinheira, atacou outro cão na zona oeste do Rio de Janeiro. O caso foi registrado no dia 10 de abril.

Ataque em São Paulo

Uma mulher, de 83 anos, morreu, no dia 17 de junho, após ser mordida no pescoço por um pit-bull na cidade de Ícem, no interior de São Paulo. A vítima chegou a ser levada ao pronto-socorro, mas não resistiu.

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