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Apenas um ministério do governo Bolsonaro não empregou militares

Entre 2019 e 2020, pelo menos 254 cargos nas pastas foram assumidos por militares. Nos comandos, 10 já fizeram parte das forças armadas

atualizado

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1 de 1 camara dos deputados - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Mesmo entre polêmicas — a mais atual com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes –, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nunca escondeu o orgulho de ter sob seu comando um governo “militarizado”.

Desde 2019, cerca de 254 militares já trabalharam, ainda que temporariamente, em algum órgão do governo federal. E mais: das 21 pastas ministeriais, apenas uma não deu cargos comissionados a integrantes das forças armadas. Se adicionarmos à conta o Banco Central e a Advocacia-Geral da União, órgãos federais que carregam status de ministério, o número sobe para três.

Para vagas de ministro, entre as constantes danças de cadeira, pelo menos dez sempre estiveram nas mãos de homens fardados. Isso sem contar algumas autarquias e empresas estatais, como o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) e os Correios, também presididas por eles.

Os dados foram obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) pela agência Fiquem Sabendo e pelo (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles.

Enquanto o Ministério do Turismo ainda não nomeou nenhum, na outra ponta, o Ministério da Defesa se destaca com 56 cargos ocupados por militares. Em seguida, para fechar o pódio, o Ministério da Justiça e a Casa Civil, com 42 e 30 nomes, respectivamente.

As outras 17 pastas nomearam entre 22 integrantes das Forças Armadas, como é o caso do Ministério da Ciência, a apenas um, como o da Infraestrutura e da Mulher, Família e Direitos Humanos.

Militares do presidente

Além do próprio Jair Bolsonaro, que é capitão reformado do Exército, e o vice-presidente, Hamilton Mourão, general da reserva, os cargos mais altos do executivo também são, atualmente, comandados por representantes das forças armadas.

O mais atual nomeado é o general Pazuello, que assumiu interinamente o comando da Saúde no final de maio, após a saída de Nelson Teich, que, por sua vez, havia entrado no cargo após demissão de Luiz Henrique Mandetta.

Sem apoio da ala médica, que se recusou a aceitar as medidas defendidas por Bolsonaro no enfrentamento do novo coronavírus, o presidente recorreu aos militares. Quando assumiu a pasta Pazuello fez o mesmo e chegou a nomear 15 pessoas das Forças Armadas para ocupar cargos no Ministério, inclusive em posições de chefia.

Polêmica com Gilmar Mendes

Nesta semana, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes entrou em uma polêmica ao dizer, no último sábado, que os militares estão se associando a um genocídio.

Após a fala, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e os comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica divulgaram nota na qual “repudiam veementemente” a declaração. O vice-presidente Hamilton Mourão também se manifestou e afirmou que Gilmar Mendes “ultrapassou o limite da crítica”.

Depois da repercussão, o ministro emitiu uma nota reiterando que não atingiu a honra do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica. “Aliás, as duas últimas sequer foram por mim mencionadas”, escreveu o ministro do STF. “Apenas refutei e novamente refuto a decisão de se recrutarem militares para a formulação e execução de uma política de saúde que não tem se mostrado eficaz para evitar a morte de milhares de brasileiros.”

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