Aos 22 anos tiktoker goiano com síndrome de Down estoura nas redes
Jovem usa redes sociais para mostrar rotina e falar sobre o preconceito contra pessoas que têm síndrome de Down e luta anticapacitista
atualizado
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Goiânia – De acordo com os dicionários, “inclusão” é o ato de incluir e acrescentar, ou seja, integrar pessoas ou coisas em grupos e núcleos que antes não faziam parte. Socialmente, a inclusão representa o ato de tornar igualitária a vida de diferentes indivíduos que habitam determinada sociedade. E éjustamente essa a realidade do estudante goiano João Vitor de Paiva Bittencourt, de 22 anos.
O jovem que não se diz portador da síndrome de Down, mas sim, que tem a síndrome, estourou nas redes sociais com vídeos sobre a luta anticapacitista e contra o preconceito. Com mais de 26 mil seguidores no TikTok e 14 mil no Instagram, ele tem compartilhado sua rotina de autonomia e servido de inspiração por sua trajetória de superação.
@jvdepaiva Bora comigo #educacaofisica #t21 ♬ som original – João Vitor Paiva
“Quero ser um exemplo de como a inclusão é importante para a sociedade. Pessoas com síndrome de Down têm muito a contribuir, e eu sou uma prova disso. Estou mostrando ao mundo que a síndrome de Down não deve ser vista como uma limitação, mas sim como uma oportunidade de superação e inclusão”, afirmou o jovem ao Metrópoles.
Sucesso nas redes
Apaixonado por redes sociais, o jovem chegou a se aventurar na realização de lives, mas desistiu e preferiu focar em vídeos curtos que mostram um pouco de sua rotina cheia de atividades. Pouco tempo após criar um perfil no TikTok, ultrapassou 10 mil seguidores e viu seus vídeos viralizarem. A conta já reúne quase 80 mil likes.
Segundo o pai dele, o jornalista João Bosco Bittencourt, agora, o filho vai focar nesta rede para falar sobre inclusão de pessoas que possuam singularidades, como ele. “Queremos aproveitar a visibilidade dele para mostrar à sociedade que eles são capazes, além de combater o preconceito. A ideia é alertar a sociedade e não fazer propaganda dele”, disse o pai.
“Acho minha trajetória inspiradora. Desde muito jovem, enfrento diversos desafios, mas nunca deixei que a síndrome me limitasse. Sempre contei com o apoio e incentivo da família, amigos e professores, que acreditaram em meu potencial e me encorajaram a buscar seus sonhos”, diz João Vitor.
“Me vejo como um jovem talentoso e determinado, que encontrou no Tik Tok uma oportunidade de compartilhar um pouco de minha rotina como estudante e também de falar sobre assuntos relacionados à Educação Física. Meu vídeo viralizou, chamando a atenção de milhares de usuários da plataforma”, completou o jovem.
Após o vídeo, João Vitor conta que recebeu inúmeras abordagens, o que deu motivação para que ele continuasse produzindo conteúdos interessantes para o seguidores e alcançando cada vez mais pessoas, por meio dos vídeos que ele mesmo grava, edita e publica.
Vida de universitário
Muito mais que frequentar as aulas do curso de Educação Física na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), João Vitor é o protagonista de sua própria história e de seu processo de ensino e aprendizagem. De acordo com família, apesar de um pequeno déficit cognitivo, ele sempre esteve inserido no contexto escolar e teve acompanhamento multidisciplinar.
“Ele sempre estudou em escolares regulares, mas com professor de apoio. Se alfabetizou aos sete anos e só repetiu o primeiro ano. A decisão de fazer o vestibular foi dele, porque passou em quatro, dois deles em São Paulo e dois aqui em Goiânia. Ele tem autonomia e liberdade, inclusive, de escolar”, diz o pai.
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Agora, na faculdade, a rotina segue a de um universitário com a vida social agitada. Além das aulas, saídas com os amigos, com a namorada Isadora, com quem já está há 1 ano e 3 meses, shows, festas e viagens.
O professor de apoio de João Vitor, Felipe Ungarelli, conta que acompanha o jovem há 13 anos. Segundo ele, além do apoio educacional, ele também assume a função de mediador. “Comecei a trabalhar com o João por indicação da minha mãe, que é pedagoga e foi professora dele. A família estava em busca de alguém que fizesse esse acompanhamento em casa. Eu estava esperando o resultado o vestibular e assim foi o nosso começo. Quando eu terminei a faculdade, quatro anos depois, comecei a acompanhá-lo dentro da sala de aula”, diz ele.
“Ele estava no 7º e eu comecei a exercer também o papel de mediador dele na escola. Eu mediava as atividades dele no ambiente escolar, a interação com os colegas, apresentação de trabalhos, ali ainda tinha um foco no comportamental, mas ele foi crescendo e ganhando mais autonomia. Eu segui com ele no ensino médio e agora estou com ele na faculdade, desde 2020. Dou o suporte necessário dentro da instituição, com anotações, com trabalhos, com leituras. Normalmente, nesses momentos, como de leituras e provas precisamos de um outro ambiente, porque as coisas acontecem no tempo tempo dele, que não é o tempo ‘padrão'”, relatou o professor.
Ainda de acordo com Felipe Ungarelli, o destaque de João Vitor nas redes mostra que o investimento em educação vale a pena. “Eu acho que ele serve de inspiração, não só para quem tem a síndrome, mas para todo mundo que necessita de um apoio extra, principalmente, relacionado a educação. O João é a prova de que o investimento em educação traz resultado. Ele tem uma grande independência e liberdade para fazer o que quer e isso só foi construído com muita dedicação e trabalho dele”, completou.
Além de Felipe, João Vitor tem o acompanhamento da psicopedagoga Fabiana, da personal trainer Valéria, do melhor amigo Tozi e do pai dele, Édson, que também trabalha com o grupo. “Nós sempre demos apoio e apresentamos as alternativas, mas as decisões sempre foram dele. É um guerreiro que sabe o que quer”, concluiu o pai.
@jvdepaiva #trenddecarro #fy #fyp #trending #foryou #t21 #inclusao @gabrieltozzi955 ♬ É QUE HOJE VAI TER FESTINHA – PISEIRO REMIX – DJ Holanda