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“A agressão durou 1h30”, diz advogada agredida ao Metrópoles

“Cada dia a gente fica melhor que o dia anterior. Mas ainda é um turbilhão de sentimentos”, afirmou Luciana Pereira Sinzimbra

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“Cada dia a gente fica melhor que o dia anterior. Mas ainda é um turbilhão de sentimentos”, explicou a advogada Luciana Pereira Sinzimbra, em entrevista ao Metrópoles. A goiana, que virou notícia em todo o Brasil após gravar imagens do piloto Victor Augusto do Amaral Junqueira a agredindo com socos e puxões de cabelos, contou ainda que foi agredida pelo ex por uma hora e meia, e não apenas durante o curto vídeo que gravou.

As imagens geraram imensa repercussão ao serem compartilhadas nas redes sociais. Desde que o vídeo foi divulgado a vítima está fora do país, de onde conversou com o Metrópoles nesta segunda-feira (31/12). “Primeiramente eu não queria que esse vídeo vazasse, eu não estou bem ainda para lidar com tudo isso. Minha família ainda não sabia e ficou sabendo pelas redes sociais “, completou.

Veja a íntegra da entrevista concedida aos jornalistas Manoela Alcântara e Guilherme Waltenberg:

“Você não quer ser lembrada por aquela mulher que apanhou. Mas eu sei que eu tinha duas opções, ou me fechar ou pegar o que aconteceu de ruim para ajudar. Se minha dor está ajudando outras pessoas, então vamos lá”, disse.

Luciana afirma que sua luta agora é para garantir que o ex-namorado pague pela violência. Ela registro boletim de ocorrência e o caso é investigado pela Delegacia da Mulher em Goiânia. No entanto, não foi determinada a prisão de Victor.

“Quem me garante que ele vai continuar colaborando com a justiça? E se ficar solto e fizer algo pior. Antes dali ele já tinha me agredido, mas eu nunca imaginava que ia continuar me batendo. Eu quis filmar para ele confessar, eu nunca imaginei que ia continuar me batendo e me agredindo”, detalhou a jovem.

Segundo ela, a sequência de violência começou com agressões verbais. “Foram coisas que foram começando com julgamentos, ele já chegou a quebrar o celular com raiva, já chegou a deixar marcas roxas em mim ao me segurar, ao me empurrar. Foi progressivo, até chegar o momento que ele me deu um tapa na cara”, conta a advogada.

Não foi um relacionamento abusivo os três anos. Não sei falar se eu me sinto bem e segura para voltar [para o Brasil]. E se ele mandar alguém me seguir? Essa semana eu fui enxergando coisas que eu não enxergava, a violência doméstica é isso, você mascara o que está acontecendo por causa do sentimento

Luciana Pereira Sinzimbra, em entrevista ao Metrópoles

A partir do momento em que denunciou as agressões pelas quais passou, Luciana adotou como projeto de vida contribuir no enfrentamento da violência doméstica. “Fica a critério de um juiz, a lei não é clara. A mulher sai traumatizada, enquanto o homem segue e acha um outro relacionamento.  A lei precisa ser mais rígida, precisa conscientizar. A mulher precisa de apoio, ela fica culpada, ela acha que fez por merecer, ao mesmo tempo que quer ele preso, tem sentimento. Se você não tiver apoio talvez você não denuncie”, adverte.

A vítima ainda explicou que o vídeo foi vazado por um amigo, na véspera de Natal, e revelou que não estava preparada para tamanha exposição e julgamentos. “Estou tentando deixar as críticas de lado. Eu não quero me aproveitar da situação, eu quero ajudar as pessoas. Deixa falar, nem Jesus agradou a todos, que dirá eu”, resigna-se. “As pessoas precisam ter mais empatia e respeito. Se você é uma mulher que está nisso agora, saiba que você não tem culpa. Se você conhece alguém que passa por isso, seja apoio, dê apoio”, orienta.

Entenda
Em 14 de dezembro, Luciana gravou um vídeo sem que seu namorado soubesse. Nas imagens, Victor é flagrado espancando a ex-namorada no apartamento dela, em Goiânia. A advogada registrou ocorrência no dia seguinte e contou às autoridades policiais que namorava o autor das agressões havia três anos.

Ela relatou também não ter sido a primeira vez em que foi atacada. O fato teria ocorrido ao menos outras duas vezes. No dia da filmagem, o casal retornava de uma confraternização do trabalho de Luciana. A advogada diz ter esquecido um presente na festa e, então, o casal teria retornado ao local. O fato teria teria enfurecido o piloto. Nas imagens, é possível ver a advogada sendo agredida a socos e ainda ouvi-la dizer: “Você vai me matar desse jeito”.

Nesta semana, Victor Junqueira foi indiciado por lesão corporal, ameaça, injúria e violação de domicílio. A pena máxima para esses crimes pode chegar a 4 anos e 6 meses de detenção. Apesar das imagens fortes, o piloto, que é filho de um ex-prefeito de Anápolis (GO), não teve a prisão preventiva decretada. A defesa do jovem vem dizendo apenas que o piloto está arrependido e tinha consumido álcool no dia da agressão.

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