Ao chegar no Rio, jogador do Shakhtar relata o medo em fuga da Ucrânia
Marlon Santos, zagueiro do Shakhtar Donetsk, percorreu a Ucrânia com mulher, sogra e três filhos para fugir da guerra
atualizado
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Rio de Janeiro – Marlon Santos, ex-jogador do Fluminense e atual zagueiro do Shakhtar Donetsk, desembarcou no Rio junto com a esposa, a sogra e os três filhos, na manhã desta terça-feira (1/3). Ele é um dos atletas brasileiros que atuam em times da Ucrânia.
“Eu tinha sempre no fundo uma esperança de que conseguiríamos sair. Mas, às vezes, o medo e o desespero tomavam conta”, contou o jogador depois do desembarque no Rio.
Nos últimos dias, ele e a esposa compartilharam nas redes sociais o drama de quem estava no país durante a guerra. “É tudo muito assustador. Chegamos na estação, nos vemos no Brasil se Deus quiser. Orem por nós”, disse Maria Paula Marinho, esposa do jogador, no sábado (26/2).
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No Rio, Marlon conta que todos os dias foram assustadores: “Você escuta muitas coisas, caça passando por cima do seu prédio, barulho de bombas. Você recebe as notícias e vê o terror que está vivendo o país. Começou a faltar alimento, fralda, várias coisas”, relatou nesta manhã.
Marlon contou com a ajuda de outros companheiros de profissão, que, segundo ele, se arriscaram para tentar conseguir alimentos para as crianças. “Foi dali que a gente começou a se unir, a tentar manter a calma pra gente conseguir, de alguma maneira, encontrar a solução para sair daquele local”, contou o jogador.
Após três dias de viagem, Marlon desembarcou no Rio de Janeiro e demonstrou alívio. “Graças a Deus, no fim, conseguimos sair de lá”, disse ele, aliviado.
Família vivia angústia
Preocupados com o filho, os familiares do zagueiro do Shakhtar Donetsk, pediam orações nas redes sociais.
Lorrana Barbosa, irmã de Marlon, gravou vídeos em que a mãe, Luiza Helena, aparecia caída sobre o sofá, sem forças e chorando: “Olha aqui, olha como ela [minha mãe] está desesperada. Todo mundo aqui esperando uma solução e o governo de braços cruzados”, apontava a irmã do esportista.
Marlon estava, até sábado (26/2), em um bunker no hotel Opera, em Kiev, com pelo menos outros 12 jogadores brasileiros. Todos seguiram para um trem que a Embaixada Brasileira teria dado como opção para cruzarem a fronteira com a Romênia. No entanto, quem deu toda a segurança de escolta até a estação foi a Uefa, junto com a Federação Ucraniana de Futebol.