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Anvisa recebeu mais de 300 ameaças: “Preço a ser pago será terrível”

Membros da agência reguladora receberam novas intimidações e ofensas por e-mail após aprovação da Coronavac em crianças de 6 a 17 anos

atualizado

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1 de 1 fachada anvisa - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Os servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) voltaram a ser alvo de ameaças e ofensas após a aprovação da vacina Coronavac contra a Covid-19 para crianças e adolescentes de 6 a 17 anos.

E-mails enviados aos técnicos da agência afirmam que os servidores pagarão “preço terrível” por liberar o uso do imunizante. O conteúdo das mensagens foi revelado pelo jornal O Globo e confirmado pelo Metrópoles, que teve acesso aos documentos.

O uso da Coronavac no público infantil foi aprovado no início da tarde dessa quinta-feira (20/1). Por volta das 11h51, quando a deliberação sobre o tema ainda ocorria, servidores da 5ª diretoria da Anvisa receberam a primeira ameaça.

“Com vergonha expresso minha indignação pela Anvisa, onde o aparelhamento e o ativismo se tornaram notórios, onde o profissionalismo e a ética deram lugar à ganância e às atitudes criminosas, que de forma cruel e covarde estão colocando a vida de inocentes em uma grande roleta russa”, consta na mensagem.

Em seguida, o texto pontua que os servidores da agência terão “dor e sofrimento” por aprovarem o uso das vacinas. “Mas lembre-se: lá em cima Deus contempla a todos, e quando Deus tocar nos seus trazendo dor e sofrimento lembre-se: essa maldição foi você mesmo que trouxe para dentro da sua família. E o preço a ser pago será terrível, não quero estar na sua pele”,  consta no e-mail.

Mais tarde, por volta das 14:13, outra ameaça foi enviada por e-mail. “Deus pode tocar nos seus, não se esqueçam. Arrependam-se senão o preço que você vai pagar será altíssimo. Estarei orando a Deus em desfavor de todo corrupto e opressor, e você será lembrada”, finaliza o criminoso.

Veja o conteúdo das ameaças enviadas à Anvisa:

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Ameaças recebidas por servidores da Anvisa após aprovação da Coronavac em crianças
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Ameaças recebidas por servidores da Anvisa após aprovação da Coronavac em crianças

Material cedido ao Metrópoles
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Ameaças recebidas por servidores da Anvisa após aprovação da Coronavac em crianças

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Investigações

Desde o início da discussão sobre a imunização infantil contra a Covid, técnicos, diretores e outros funcionários do órgão receberam mais de 300 ameaças. De acordo com a Anvisa, o conteúdo das mensagens foi enviado à Polícia Federal (PF), que investiga o caso, e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

As primeiras ameaças foram enviadas ao órgão em novembro de 2021, quando a Pfizer anunciou que pediria autorização para o uso da vacina pediátrica contra Covid em crianças de 5 a 11 anos de idade.

Depois, em dezembro, os técnicos e diretores voltaram a receber intimidações. A agência solicitou proteção policial e comunicou o caso ao Gabinete de Segurança Institucional da Segurança da República (GSI), à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da República (PGR).

Covid-19: o que se sabe até agora sobre a vacinação de crianças

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A vacina é específica para crianças e tem concentração diferente da utilizada em adultos. A dose da Comirnaty equivale a um terço da aplicada em pessoas com mais de 12 anos
A tampa do frasco da vacina virá na cor laranja, para facilitar a identificação pelas equipes de imunização e também por pais, mães e cuidadores que levarão as crianças para receberem a aplicação do fármaco
Desde o início da pandemia, mais de 300 crianças entre 5 e 11 anos morreram em decorrência do coronavírus no Brasil
Isso corresponde a 14,3 mortes por mês, ou uma a cada dois dias. Além disso, segundo dados do Ministério da Saúde, a prevalência da doença no público infantil é significativa. Fora o número de mortes, há milhares de hospitalizações
De acordo com a Fiocruz, vacinar crianças contra a Covid é necessário para evitar a circulação do vírus em níveis altos, além de assegurar a saúde dos pequenos
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A Anvisa aprovou, em 16 de dezembro, a aplicação do imunizante da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. Para isso, será usada uma versão pediátrica da vacina, denominada Comirnaty

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A vacina é específica para crianças e tem concentração diferente da utilizada em adultos. A dose da Comirnaty equivale a um terço da aplicada em pessoas com mais de 12 anos

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A tampa do frasco da vacina virá na cor laranja, para facilitar a identificação pelas equipes de imunização e também por pais, mães e cuidadores que levarão as crianças para receberem a aplicação do fármaco

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Desde o início da pandemia, mais de 300 crianças entre 5 e 11 anos morreram em decorrência do coronavírus no Brasil

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Isso corresponde a 14,3 mortes por mês, ou uma a cada dois dias. Além disso, segundo dados do Ministério da Saúde, a prevalência da doença no público infantil é significativa. Fora o número de mortes, há milhares de hospitalizações

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De acordo com a Fiocruz, vacinar crianças contra a Covid é necessário para evitar a circulação do vírus em níveis altos, além de assegurar a saúde dos pequenos

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Contudo, desde o aval para a aplicação da vacina em crianças, a Anvisa vem sofrendo críticas de Bolsonaro, de apoiadores do presidente e de grupos antivacina

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Para discutir imunização infantil, o Ministério da Saúde abriu consulta pública e anunciou que a vacinação pediátrica teria início em 14 de janeiro. Além disso, a apresentação de prescrição médica não será obrigatória

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Inicialmente, a intenção do governo era exigir prescrição. No entanto, após a audiência pública realizada com médicos e pesquisadores, o ministério decidiu recuar

Divulgação/ Saúde Goiânia
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De acordo com a pasta, o imunizante usado será o da farmacêutica Pfizer e o intervalo sugerido entre cada dose será de oito semanas. Caso o menor não esteja acompanhado dos pais, ele deverá apresentar termo por escrito assinado pelo responsável

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Além disso, apesar de não ser necessária a prescrição médica para vacinação, o governo federal recomenda que os pais procurem um profissional da saúde antes de levar os filhos para tomar a vacina

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Segundo dados da Pfizer, cerca de 7% das crianças que receberam uma dose da vacina apresentaram alguma reação, mas em apenas 3,5% os eventos tinham relação com o imunizante. Nenhum deles foi grave

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Países como Israel, Chile, Canadá, Colômbia, Reino Unido, Argentina e Cuba, e a própria União Europeia, por exemplo, são alguns dos locais que autorizaram a vacinação contra a Covid-19 em crianças

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Nos Estados Unidos, a imunização infantil teve início em 3 de novembro. Até o momento, mais de 5 milhões de crianças já receberam a vacina contra Covid-19. Nenhuma morte foi registrada e eventos adversos graves foram raros

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A decisão do Ministério da Saúde de prolongar o intervalo das doses do imunizante contraria a orientação da Anvisa, que defende uma pausa de três semanas entre uma aplicação e outra para crianças de 5 a 11 anos

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