Anvisa disse que membro da delegação argentina falsificou informações
Dados constam em documentos da agência reguladora. Argentinos poderiam ter feito pedido excepcional para jogar, mas não o fizeram
atualizado
Compartilhar notícia
Documentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostram que a pessoa responsável por falsificar informações sobre jogadores da seleção argentina de futebol foi Fernando Ariel Batista, membro da delegação.
A falsificação dos documentos causou a suspensão do jogo entre Brasil e Argentina, que ocorreria no domingo (5/9), na NeoQuímica Arena, em São Paulo.
De acordo com a agência reguladora, quatro jogadores argentinos haviam passado pelo Reino Unido antes de desembarcar no Brasil. Segundo a legislação brasileira, eles deveriam cumprir quarentena de 14 dias para evitar a disseminação do coronavírus. A medida não foi cumprida.
Documentos obtidos pelo portal G1 mostram que a agência foi informada sobre o descumprimento das restrições sanitárias na sexta-feira (3/9).
Depois, o nome de Fernando Ariel Batista, da Associação de Futebol Argentina, foi identificado como autor da falsificação das declarações dos jogadores.
A Anvisa procurou as autoridades sanitárias de São Paulo, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol). As entidades realizaram uma reunião no sábado, 4 de setembro.
Além disso, o material obtido pelo G1 mostra que a delegação argentina também foi informada do caso. Na tarde de sábado, as autoridades de saúde de São Paulo e da Anvisa se reuniram com equipes do Ministério da Saúde para tratar do assunto.
Durante o encontro, a delegação argentina e a Conmebol foram orientadas a formalizar um pedido de excepcionalidade para que os jogadores pudessem participar da partida.
A solicitação deveria ser analisada pelo Ministério da Saúde e pela Casa Civil. O pedido, no entanto, não foi realizado, e os atletas argentinos entraram em campo.
Interrupção do jogo
Segundo a Anvisa, o goleiro Emiliano Martinez, os meia Emiliano Buendia e Giovani Lo Celso e o zagueiro Cristian Romero estariam violando as regras sanitárias do país por não terem cumprido a quarentena obrigatória.
“Na manhã deste domingo, a Anvisa notificou a Polícia Federal, e até a hora do início do jogo envidou esforços, com apoio policial, para fazer cumprir a medida de quarentena imposta aos jogadores, sua segregação imediata e condução ao recinto aeroportuário. As tentativas foram frustradas, desde a saída da delegação do hotel, e mesmo em tempo considerável antes do início do jogo, quando a Anvisa teve sua atuação protelada já nas instalações da arena de Itaquera”, disse o órgão.
De acordo com a Anvisa, a ação se limitou a buscar o cumprimento das leis brasileiras, o que se resumiria apenas à segregação dos jogadores e as suas respectivas autuações.
“A decisão de interromper o jogo nunca esteve, nesse caso, na alçada de atuação da agência. Contudo, a escalação de jogadores que descumpriram as leis brasileiras e as normas sanitárias do país, e ainda que prestaram informações falsas às autoridades, essa assim, sim, exigiu a atuação da agência de estado, a tempo e a modo”, declarou na nota.