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Antes de operação, pastor do MEC louvou o “Deus da consolação”

Pastor Gilmar Santos é alvo da operação da Polícia Federal que investiga tráfico de influência e desvios de recursos no MEC

atualizado

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pastor gilmar santos
1 de 1 pastor gilmar santos - Foto: Reprodução

Antes da operação Acesso Pago, deflagrada nesta quarta-feira (22/6) pela Polícia Federal (PF) para investigar desvios de recursos no Ministério da Educação (MEC), o pastor Gilmar Santos, da Assembleia de Deus, louvou o “Deus de toda consolação”.

O pastor figura no centro do esquema de corrupção investigado pela PF. Ele fazia parte de um “gabinete paralelo” no MEC, durante a gestão de Milton Ribeiro, que teria influência nas escolhas das cidades que recebem verba federal. O ex-ministro da pasta foi preso.

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“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, afirma Ribeiro em conversa gravada. “A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, declarou o ex-ministro
Ministério da Educação (MEC)
No meio do suposto esquema de propina estão os pastores Gilmar Santos, Arilton Moura e o agora ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. De acordo com a denúncia, Santos e Moura, que não têm cargos públicos, controlavam a agenda de Ribeiro e atendiam às demandas de prefeituras que pagavam propina para conseguir a liberação de recursos
A manobra ocorria da seguinte forma: os pastores participavam de agendas da pasta acompanhados de dezenas de prefeitos e exigiam pagamentos entre R$ 15 e R$ 40 mil para liberar o repasse de verbas. Vários municípios cujos prefeitos participavam das reuniões, conseguiam as verbas semanas depois
No fim de março, dias após a mídia noticiar o suposto esquema, Gilberto Braga (PSDB), prefeito de Luís Domingues (MA), afirmou que Moura cobrou R$ 15 mil, mais um quilo de ouro, para dar andamento às demandas da prefeitura
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Recentemente, um áudio em que Milton Ribeiro afirma priorizar repasses da Educação a determinadas prefeituras a pedido do presidente Bolsonaro ganhou o noticiário. Apesar de, logo em seguida, negar a existência de irregularidades bem como o envolvimento de Bolsonaro, Ribeiro passou a ser objeto de pedidos de investigação

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“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, afirma Ribeiro em conversa gravada. “A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, declarou o ex-ministro

Isac Nóbrega/PR
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Ministério da Educação (MEC)

Marcelo Camargo/Agência Brasil
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No meio do suposto esquema de propina estão os pastores Gilmar Santos, Arilton Moura e o agora ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. De acordo com a denúncia, Santos e Moura, que não têm cargos públicos, controlavam a agenda de Ribeiro e atendiam às demandas de prefeituras que pagavam propina para conseguir a liberação de recursos

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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A manobra ocorria da seguinte forma: os pastores participavam de agendas da pasta acompanhados de dezenas de prefeitos e exigiam pagamentos entre R$ 15 e R$ 40 mil para liberar o repasse de verbas. Vários municípios cujos prefeitos participavam das reuniões, conseguiam as verbas semanas depois

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No fim de março, dias após a mídia noticiar o suposto esquema, Gilberto Braga (PSDB), prefeito de Luís Domingues (MA), afirmou que Moura cobrou R$ 15 mil, mais um quilo de ouro, para dar andamento às demandas da prefeitura

Igo Estrela/Metrópoles
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Pouco tempo depois, outras denúncias começaram a surgir. Dessa vez, o prefeito de Bonfinópolis (GO), Kelton Pinheiro, revelou que Arilton Moura pediu R$ 15 mil, além de compras de Bíblias, para “ajudar na construção da igreja”

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O prefeito de Bonfinópolis, revelou ainda que os envolvidos chegaram a oferecer abatimento de 50% na propina para liberação de verbas para escolas. Segundo ele, os valores eram fixados de acordo com o grau de proximidade. Caso fossem “conhecidos” de alguns dos pastores, o valor da propina era apresentado “com desconto”

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Ministério da Educação

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Agora, a Comissão de Educação do Senado Federal ouviu prefeitos que testemunharam o suposto esquema de favorecimento e o presidente do colegiado, Marcelo Castro (MDB-PI), pediu cautela antes de defender que seja instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)

Geraldo Magela/Agência Senado
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Segundo Castro, a comissão quer “cumprir algumas etapas” antes de proceder com a defesa de uma CPI para apurar os episódios envolvendo a pasta

Geraldo Magela/Agência Senado
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Entre elas, estão a realização de oitivas com o presidente do FNDE, Marcelo Lopes da Ponte, além do ministro interino da Educação, Victor Godoy Veiga, Milton Ribeiro, e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, acusados de atuar como lobistas no ministério

Edilson Rodrigues/Agência Senado
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Segundo o jornal O Globo, os pastores perceberam as portas do Executivo abertas muito antes de Ribeiro assumir o MEC. Eles, na verdade, se envolveram com o governo Bolsonaro graças ao deputado João Campos (Republicanos), que é pastor da Assembleia de Deus. A partir disso, se aproximaram do atual presidente e conquistaram espaço

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“Somos uma geração sofrida, ferida. Somos um geração que enfrentamos uma pandemia, que enfrentamentos a aquisição de uma cesta básica muito cara. É preciso resistir da vida. O Senhor está dizendo: ‘Eu te consolo’. Ele é o Deus de toda consolação”, louvou Gilmar Santos, em culto publicado na noite dessa terça-feira (21/3) nas redes sociais.

“Crente sofre, passa por lutas, mas tem garantido uma vitória eterna”, escreveu o pastor, na legenda de um dos vídeos.

Operação

Além da prisão de Ribeiro, a PF também cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços dos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos. Eles são ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e apontados como lobistas que atuavam no MEC.

Os pastores negociavam com prefeitos a liberação de recursos federais – mesmo sem ter cargo no governo.

Segundo a PF, “com base em documentos, depoimentos e Relatório Final da Investigação Preliminar Sumária da Controladoria-Geral da União (CGU), reunidos em inquérito policial, foram identificados possíveis indícios de prática criminosa para a liberação das verbas públicas”.

Ao todo, estão sendo cumpridos 13 mandados de busca e apreensão e 5 prisões nos estados de Goiás, São Paulo, Pará, além do Distrito Federal. Outras medidas cautelares diversas, como proibição de contatos entre os investigados e envolvidos, também foram efetuadas.

Quem é Gilmar

Como mostrou o Metrópoles, Gilmar Santos, de 62 anos, é bastante conhecido há décadas. Casado com uma pastora (Raimunda Santos, mais conhecida como Raimundinha), ele tem 38 anos de carreira na vida religiosa. O pastor ficou famoso por ter pregações focadas em curas milagrosas e na conversão em massa de fiéis. As sessões eram gravadas e vendidas.

“São centenas de paralíticos que tem deixado cadeiras de rodas, muletas; cegos, mudos, surdos, todos curados e sendo ainda testados diante de todo o povo”, diz trecho da biografia do pastor Gilmar, publicada no extinto site do atual deputado federal e pastor Abilio Santana, mas republicada em blogs evangélicos.

Em um culto para 80 mil pessoas em São Luís do Maranhão nos anos 1990, quase 1 mil pessoas teriam se convertido à religião evangélica na mesma noite, segundo a biografia. Em um áudio de uma pregação antiga, ele é apresentado como “o pregador das multidões”.

Ainda em relação às curas, durante a pregação, alguns fiéis teriam “vomitado cânceres e obras de feitiçaria”. Até a roupa do pastor teria sido alvo dos vômitos, de acordo com a biografia.

Nesse texto sobre o pastor Gilmar, é dito que ele é conhecido também por outros nomes, como profeta de Deus, arauto das últimas horas e “A Trombeta de Deus”.

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