Como no ES, filho de PM ligado a nazismo já atacou escola em Goiânia
Atiradores de Aracruz (ES) e Goiânia (GO) eram filhos de PM, usaram arma da corporação e defendiam nazismo. Caso aconteceu em 2017
atualizado
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Um caso semelhante ao recente ataque a tiros em Aracruz, no Espírito Santo, ocorreu em Goiânia, capital de Goiás, na manhã de 20 de outubro de 2017.
Assim como no caso de Aracruz, um adolescente promoveu um atentado a tiros em uma escola. Em ambos os casos, o atirador era filho de policial militar e usou a arma da corporação para cometer o crime. Nos dois episódios, o autor tinha simpatia pela ideologia nazista.
Em Aracruz (ES), na última sexta-feira (25/11), um adolescente de 16 anos, filho de um tenente da PM, matou quatro pessoas, sendo três professoras e uma aluna, além de deixar 13 feridos, ao invadir duas escolas armado com uma pistola e um revólver. Cinco pessoas continuam hospitalizadas, sendo três em estado grave.
Já no caso de Goiânia (GO), o adolescente tinha 14 anos. O local dos ataques foi o Colégio Goyases, uma instituição de ensino particular. A mãe e o pai do atirador eram policiais militares. O autor do atentado furtou a pistola da mãe para cometer o crime.
João Vitor Gomes e João Pedro Calembo, ambos com 13 anos, morreram na hora. Quatro ficaram feridos, sendo que uma das atingidas, a aluna Isadora de Morais, ficou paraplégica.
Ligação com nazismo
No momento do ataque, o atirador do Espírito Santo usava uma suástica nazista costurada em um uniforme militar. Ele tinha simpatia pelo nazismo, o que foi confirmado pelo conteúdo do celular dele, segundo investigação inicial da Polícia Civil.
Em Goiás, o atirador do Colégio Goyases também era simpatizante do nazismo. A polícia encontrou o símbolo nazista no caderno e na parede do quarto do adolescente.
Além disso, histórico de aplicativo de mensagem revelou que o atirador de Goiânia acreditava em teorias conspiratórias a favor do nazismo, como a de que a Alemanha de Hitler não matou judeus e trouxe benefícios para a sociedade.
Arma dos pais
A mãe do atirador de Goiás chegou a ser indiciada em inquérito militar por ter deixado de observar as cautelas necessárias para que adolescentes tivessem acesso à arma de fogo.
No entanto, o Ministério Público e o Comando da Academia da PM entenderam que não existe legislação ou portaria que regulamenta de maneira clara como o policial deve guardar a arma em residência. Ela deixava a pistola e a munição escondidas em diferentes locais, mas o adolescente achou.
Já no Espírito Santo, o PM pai do atirador foi afastado para o serviço administrativo e é investigado. Pesa ainda sobre ele o fato de ter compartilhado nas redes sociais a capa do livro “Minha Luta”, de Hitler.
Bullying
Nos dois casos de atentado a escolas, os atiradores afirmaram que eram vítimas de bullying. O adolescente de Goiás dizia que era chamado de fedorento e que chegaram a levar um desodorante para a aula como forma de chacota.
O autor do atentado no Espírito Santo disse que sofreu bullying em 2019, mas sem entrar em detalhes. Ele abandonou a escola há cerca de seis meses e fazia tratamento psiquiátrico.
O atirador de Aracruz foi preso em flagrante e vai responder por atos infracionais análogos a homicídio e tentativa de homicídio. O atirador de Goiás foi solto em 2020 após cumprir o tempo máximo de internação para menores de 18 anos.