ANS nomeia diretora que conduzirá fiscalização na Prevent Senior
Operadora é acusada de exigir que médicos receitassem remédios ineficazes contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus
atualizado
Compartilhar notícia
A Prevent Senior, operadora acusada de exigir que médicos receitassem remédios ineficazes contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, sem o conhecimento dos pacientes, passará por um regime especial de direção técnica.
Na prática, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinou que uma agente acompanhe os procedimentos da empresa para identificar ações que coloquem em risco a continuidade e a qualidade da assistência prestada aos usuários do plano de saúde.
Daniela Kinoshita Ota vai acompanhar a operadora de saúde Prevent Senior numa espécie de “intervenção”. A medida foi publicada nesta quinta-feira (14/10) no Diário oficial da União (DOU) pelo diretor-presidente da ANS, Paulo Rebello.
A instauração do regime especial considera “as anormalidades administrativas e assistenciais graves que colocam em risco a continuidade e a qualidade do atendimento à saúde dos beneficiários”, segundo a resolução.
Em nota, a ANS informa que a decisão foi tomada em reunião da diretoria colegiada. A Prevent Senior é investigada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que apura irregularidades associadas à gestão da pandemia.
“É importante esclarecer que não se trata de uma intervenção, pois a ANS não interfere na gestão da operadora, mas de um acompanhamento com análises permanentes de informações e definição de metas a serem cumpridas pela operadora”, acrescenta o texto.
Entenda o caso
Um dossiê entregue à CPI e depoimentos de médicos que trabalhavam para a operadora indicam que medicamentos ineficazes contra a Covid-19, como ivermectina e hidroxicloroquina, foram usados sem comunicação aos pacientes.
Segundo a denúncia, houve também a alteração de prontuários e atestados de óbito e que os profissionais eram orientados a trabalhar mesmo se estivessem infectados.
A Prevent Senior já foi punida por duas infrações: uma infração por falta de comunicação aos beneficiários sobre o uso dos medicamentos e outra por cerceamento à atividade do prestador de serviços.
“Todas as informações levantadas estão sendo analisadas para que a agência tenha os subsídios necessários para a adoção das medidas adequadas. Também nesse sentido, cabe aqui uma palavra de tranquilidade aos quase 540 mil beneficiários da Prevent Sênior, quanto à continuidade e garantia da prestação de serviços de saúde suplementar contratados”, finaliza a ANS.
O outro lado
O diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Junior, prestou depoimento à CPI em setembro. Ele admitiu que a operadora alterou o prontuário de pacientes com Covid-19 e usou remédios ineficazes contra a doença.
Uma investigação também foi aberta no Ministério Público de São Paulo (MPSP) e pela Polícia Civil de São Paulo.