“Anjos sem asas” resgatam vítimas da Covid em áreas difíceis do Acre
Com frota triplicada, governo conseguiu remanejar mais de 48 pacientes em mais de 60 horas de voos de regiões isoladas no meio da floresta
atualizado
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O governo do Acre decidiu triplicar a frota aérea do Estado e transformou um grupo de operações, acostumado a trabalhar em cooperação e agilidade, em um transporte essencial durante a pandemia de Covid-19.
De helicóptero ou de avião, os conhecidos como “Anjos sem Asas” conseguiram remanejar mais de 48 vítimas em estado grave com o novo coronavírus em cerca de 60 horas de voos, de janeiro à março deste ano. Muitos casos estavam no meio da floresta amazônica.
Nesse sábado (27/3) foram confirmados 798 casos de infecção pela Covid-19, o maior número diário já registrado desde o início da pandemia no Acre. O maior havia sido 644, no dia 19 deste mês. Outras cinco mortes foram contabilizadas. Com isso, o número de infectados saiu de 67.777 para 68.575 e o total de mortes agora é de 1.229.
Segundo o major Samir Freitas, do Centro Integrado de Operações Aéreas (CIOPAER), somente na região do Juruá onde estão localizadas as cidades de Marechal Thaumaturgo e Porto Walter, em áreas de difícil acesso, foram realizadas 48 horas de voos com a remoção de mais de 30 pacientes.
Freitas destaca que é necessário todo um planejamento para o transporte de vítimas em estado grave e impactado pela Covid-19, desde o lugar para pouso e decolagem, o apoio de equipe de solo até o contato direto com o paciente. “Aqui no Acre temos que criar logísticas diferenciadas pelas complexidades das regiões amazônicas. Cada voo tem um planejamento minucioso”, acrescentou Freitas.
Hoje o CIOPAER tem convênio com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) por onde são operacionalizadas todas as emergências da saúde. Pacientes são removidos através da regulação entre as cidades de Marechal Thaumaturgo e Cruzeiro do Sul, em 40 minutos de voo de helicóptero. De Porto Walter, esse transporte dura 20 minutos.
Com os aeródromos fechados para manutenção, o transporte para Marechal Thaumaturgo e Porto Walter só é possível através de barcos ou voadeira. Nessas condições, os pacientes levariam entre 6 e 12 horas de navegação. Nestes casos, o helicóptero é a única esperança de atendimento.
Com pousos e decolagens na vertical, os helicópteros têm facilidade de descer e subir de qualquer local e o deslocamento em linha reta, permite um cruzeiro que chega a 300 km/h, agilizando os atendimentos mais urgentes. “São minutos que salvam vidas, sem essas aeronaves muitos não retornariam às suas casas”, analisou Freitas.