Anielle assume Igualdade Racial para “restaurar conquistas ameaçadas”
Anielle Franco é jornalista, ativista feminista e antirrascita. Em suas pautas sociais, ministra é cofundadora do Instituto Marielle Franco
atualizado
Compartilhar notícia
A jornalista e ativista pelos direitos humanos Anielle Franco assumiu o comando do Ministério da Igualdade Racial durante cerimônia de posse conjunta com a ministra dos Povos Originários, Sonia Guajajara (PSol), nesta quarta-feira (11/1). O evento aconteceu no Palácio do Planalto e contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Antes do início da cerimônia, Camila Moradia, líder do Complexo do Alemão, falou sobre a trajetória da nova ministra. Durante o discurso, ela estava usando o boné com as letras CPX – sigla que representa o local.
Com desafios para ampliar a equidade racial no Brasil, Anielle destacou que a sua gestão focará em reconstruir conquistas que foram ameaçadas durante os últimos anos, no governo de Jair Bolsonaro (PL).
“Não seria possível falar em reconstrução sem que pensemos na nossa memória e naqueles que nos antecederam, na restauração das conquistas que foram ameaçadas pelos retrocessos dos últimos anos e na reparação, sobretudo, daquilo que ainda não conseguimos olhar com a devida atenção e cuidado”, declarou a ministra, em seu discurso de posse.
Com a promessa de transversalidade ministerial, Anielle Franco declarou que contará com o trabalho das ministras Marina Silva, do Meio Ambiente, e Sonia Guajajara, dos Povos Indígenas, no combate ao racismo ambiental e na defesa dos direitos das minorias.
“Esperamos poder contar com vocês nesta tarefa de reconstrução em prol de respeito, cidadania, dignidade e igualdade de oportunidades”, declarou a ministra Anielle Franco.
A ministra ainda detalhou a composição do Ministério da Igualdade Racial. Veja:
- Roberta Eugênio, secretária-executiva do Ministério da Igualdade Racial
- Flávia Tambor, chefe de gabinete
- Márcia Lima, secretária de Políticas de Ações Afirmativas e Combate e Superação do Racismo
- Iêda Leal, secretária de Gestão do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial – Sinapir
- Ronaldo dos Santos, secretário de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiros e Ciganos
A ministra falou sobre os atos terroristas de domingo (8/1), no qual bolsonaristas depredaram os prédios do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF).
“A cerimônia de hoje guarda um simbolismo muito especial. Depois dos atentados sofridos por esta casa e pelo povo brasileiro no último domingo, pisamos aqui em sinal de resistência à toda e qualquer tentativa de atacar as instituições e a nossa democracia. O fascismo, assim como o racismo, é um mal a ser combatido em nossa sociedade”, frisou a ministra da Igualdade Racial.
“Precisamos identificar e responsabilizar quem insiste em manter esta política de morte e encarceramento da nossa juventude negra, comprovadamente falida. Assim como estamos identificando e responsabilizando quem executou, provocou e financiou a barbárie que assistimos no último domingo”, reforçou.
Desafios
O Brasil possui aproximadamente 212,7 milhões de pessoas que se declaram negras e pardas, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entretanto, a população negra ocupa apenas 5% dos cargos de gerência ou diretoria no país, de acordo com pesquisa da Vagas.com.
Uma das promessas da ministra Anielle é combater os entraves colocados contra a população negra e construir um país com uma maior equidade racial, com a garantia de empregos dignos e direitos sociais.
Perfil
Natural do Rio de Janeiro, Anielle France é bacharel em Jornalismo e em Inglês pela Universidade Central da Carolina do Norte e bacharel-licenciada em Inglês/Literaturas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Além disso, a ministra possui mestrado em Jornalismo e em Inglês pela Universidade da Florida A&M e em Relações Étnico-Raciais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Anielle é irmã da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018 no Rio de Janeiro. Em homenagem à irmã, a ministra fundou o Instituto Marielle Franco em busca de ampliar o trabalho da vereadora e a promoção de atividades culturais para crianças e jovens.
Durante a transição de governo, Anielle compôs o grupo técnico de Mulheres e chegou a ser cotada para assumir o Ministério das Mulheres, comandado atualmente por Cida Gonçalves.