Anderson Torres chega à PF para depor sobre ação da PRF nas eleições
Torres deverá explicar aos investigadores suposta interferência na PRF para impedir que eleitores de Lula comparecessem às urnas e votassem
atualizado
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O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres chegou à Polícia Federal (PF), às 13h30 desta segunda-feira (8/5), para depor sobre operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas eleições de 2022. Torres está preso desde 14 de janeiro no 4º Batalhão da Polícia Militar, no Guará (DF). Ele foi levado à sede da PF em carro do sistema penitenciário.
Torres será questionado pelos investigadores sobre suposta interferência na PRF durante o segundo turno das eleições de 2022 para impedir que eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) votassem.
A oitiva seria em 24 de abril. A defesa de Torres, porém, solicitou que a audiência fosse adiada devido ao estado emocional do ex-ministro. Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aceitou o pedido após laudo da Secretaria de Saúde do DF mostrar o acompanhamento médico frequente dado a Torres. O magistrado, no entanto, definiu que ele fosse ouvido até esta segunda.
De acordo com a decisão de Moraes, Torres pode ficar em silêncio. Porém, Eumar Roberto Novacki, advogado do ex-secretário de Justiça do DF, afirmou que o ex-ministro de Bolsonaro “vai esclarecer o que for perguntado”.
Pressão
O ex-ministro chega à oitiva sob pressão. Documentos obtidos pela CNN mostram que Torres esteve na Bahia seis dias antes do segundo turno das eleições presidenciais. Ele fez uso de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para conversar com o superintendente da PF na Bahia, o delegado Leandro Almada.
Torres chegou a Salvador no dia 24 de outubro e conversou com Almada no dia 25. A reunião teria como pauta as operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante as eleições.
Procedimento administrativo e visitas
Além disso, de acordo com a coluna de Paulo Cappelli, do Metrópoles, a cúpula da PF tem como certa a expulsão Torres dos quadros da corporação. O ex-ministro enfrenta um procedimento administrativo e terá o salário suspenso.
“Para piorar a situação do ex-ministro de Bolsonaro, há um entendimento da cúpula da PF de que a expulsão é inevitável. A demissão poderá ocorrer antes mesmo de eventual condenação judicial. Há precedentes similares na Polícia Federal”, diz a coluna.
Nos últimos dias, cinco senadores visitaram Torres: Márcio Bittar, do União Brasil; Eduardo Gomes, Rogério Marinho, Magno Malta e Jorge Seif (os quatro últimos do PL). Flávio Bolsonaro e Marcos do Val tentaram se encontrar com Torres, mas o ministro Alexandre de Moraes não autorizou.
De acordo com a coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles, Torres chorou durante a conversa com os senadores. Uma psicóloga da carceragem afirmou que o ex-ministro tem um quadro emocional preocupante.
Entenda
Torres está preso desde 14 de janeiro em função das investigações sobre possíveis omissões de autoridades durante os atos golpistas ocorridos em Brasília, em 8 de janeiro. Ele chefiava a Segurança Pública do DF quando ocorreram as invasões nas sedes do Congresso, STF e Palácio do Planalto.
O ex-ministro cumpre a prisão no 4º Batalhão da Polícia Militar, no Guará (DF), desde que voltou ao Brasil.
Torres viajou aos Estados Unidos antes dos atentados contra o resultado das urnas, o que levantou suspeitas de conivência ou omissão.