Anderson Torres decide não ficar em silêncio em CPI. Saiba estratégia
O ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e ex-secretário de Segurança do DF será ouvido na CPI do 8 de Janeiro na próxima terça-feira (8/8)
atualizado
Compartilhar notícia
Ex-secretário de Segurança Pública do DF e ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PL), Anderson Torres já decidiu: vai responder às perguntas dos integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Ele será confrontado pelos parlamentares na próxima terça-feira (8/8). A convocação foi realizada pela senadora Eliziane Gama (Cidadania), relatora da comissão.
Pessoas próximas a Torres relatam que o delegado da Polícia Federal vê o depoimento como uma oportunidade de explicar seu ponto de vista sobre os fatos investigados. Ele responderá a questionamentos duros sobre a suspeita de ter sido omisso ou ter participação direta ou indireta nos atos que levaram à depredação dos prédios dos Três Poderes em Brasília, na ocasião.
Aos parlamentares Torres vai manter os posicionamentos explicados em depoimentos à Polícia Federal e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Se questionado sobre a “minuta do golpe” encontrada em sua casa, Torres manterá a versão de que não sabia a origem da minuta, nem quem a escreveu.
Em fevereiro, o ex-ministro afirmou à Polícia Federal que uma empregada, “ao arrumar a casa”, pode ter colocado a “minuta do golpe” em uma estante. Na oportunidade, o depoente alegou que o documento foi entregue em seu gabinete no Ministério da Justiça, mas disse desconhecer quem o produziu.
Sobre omissão por estar nos Estados Unidos durante os atos de 8 de janeiro, mesmo chefiando a pasta do DF, Torres sempre afirmou que já tinha férias marcadas. O descanso de 12 dias, iniciando em 9 de janeiro, foi marcado ainda quando ele atuava como ministro da Justiça e Segurança Pública.
Anderson Torres foi preso pelas suspeitas contra ele. Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, o ex-ministro foi mantido em preventiva no Batalhão de Aviação Operacional (Bavop) da Polícia Militar do Distrito Federal, no Guará 2, em Brasília.
A prisão durou cerca de quatro meses. Ele ficou detido desde 14 de janeiro e foi solto em 11 de maio, também por decisão de Moraes.
Anderson ganhou liberdade provisória, com monitoramento eletrônico. O ex-secretário está proibido de deixar o Distrito Federal; de manter contato com os demais investigados; de usar redes sociais; e ficou determinado o afastamento do cargo que ocupa na Polícia Federal. O descumprimento de qualquer uma das medidas alternativas implicará a revogação e decretação da prisão.
Devolução de salário
Torres tenta ainda reverter uma notificação da Polícia Federal (PF) para que ele devolva R$ 87.560,67 referentes ao recebimento do salário de delegado federal enquanto esteve preso.
As alegações da PF são de que normativo do Ministério do Planejamento prevê a suspensão da remuneração de servidores públicos presos preventivamente. O ex-ministro é delegado da Polícia Federal, ou seja, servidor, e ficou preso por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), dentro de investigação sobre os atos de 8 de janeiro.
A defesa de Torres disse que vai recorrer do pedido de devolução, tendo como base entendimento do STF: “Sobre a devolução dos salários do ex-ministro Anderson Torres, informamos que será apresentada a defesa no prazo legal, seguindo o entendimento do STF de que, no período referente à prisão preventiva, não é permitida a suspensão ou a cobrança da remuneração recebida pelo servidor público”, declarou o advogado de Torres, Eumar Novacki, em nota à reportagem.