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Análises de laboratório vão indicar reabertura de aeroporto no RS

Testes em andamento verificam condição do pavimento e base da pista. Previsão de retomada em dezembro é incerta

atualizado

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Ricardo Stuckert/ Presidência da República
Imagem colorido do aeroporto de porto alegre inundado - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorido do aeroporto de porto alegre inundado - Metrópoles - Foto: Ricardo Stuckert/ Presidência da República

A reabertura do Aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre depende de resultados de testes e análises de laboratório que estão em andamento. Engenheiros civis ouvidos pelo Metrópoles afirmam que as avaliações vão indicar se reparos na pista serão necessários, bem como a dimensão deles.

A reabertura, no melhor dos cenários, conforme a Fraport, concessionária que a plataforma, pode acontecer a partir de dezembro deste ano, de forma gradativa.

“Se os impactos forem menores do que os previstos inicialmente, vamos torcer para que o aeroporto esteja disponível para o final do ano”, afirmou a CEO da Fraport Brasil, Andreea Pal, no início deste mês.

Chefe do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marcelino Aurélio afirma que um dos primeiros passos em uma situação como esta é verificar as condições do pavimento.

Essa tarefa pode ser realizada por meio de um equipamento chamado FWD, que verifica o deslocamento vertical da pista, indicador chamado tecnicamente de deflexão.

“Existem as deflexões padrões. Teria de ver, porque o aeroporto já faz o monitoramento. Se elas foram mantidas, não precisaria de recuperação”, diz.

O FWD consiste na aplicação de uma carga sobre o pavimento. O dispositivo apura os eventuais deslocamentos verticais.

Caso haja indícios de danos, Aurélio explica que outras técnicas podem ser aplicadas, como sondagens. Inclusive, uma opção é analisar os resultados delas em paralelo aos testes das deflexões para apurar a congruência entre as respostas.

Caso seja verificado que a estrutura apresenta problemas, o diagnóstico da causa precisa ser feito para guiar as possíveis ações corretivas. Em caso de danos menos significativos, “reforços pontuais” seriam uma opção.

Aurélio ressalva que a análise dele é subjetiva, pois não conhece as reais condições da pista. “Se eu estivesse fazendo essa verificação, tentaria ao máximo não destruir o que está lá. Poderia fazer um reforço (na estrutura, se possível). De fato, se a gente tiver de mexer nessa infraestrutura, envolve muitos recursos. Deveria mexer só se estiver muito ruim mesmo.”

Outra questão levantada pelo especialista da UFRJ é que, de maneira geral, é esperado que a pista resista à condição a que foi submersa. “O aeroporto já tem uma gerência de pavimentos. Teria de ver como o aeroporto estava antes (das inundações).”

Abaixo do revestimento, geralmente asfalto, nas pistas de aeroporto há várias camadas que dão sustentação à parte superior. A espessura, resistência e quantidade de camadas depende do tipo de uso do aeroporto. Aqueles habilitados para receber aeronaves de maior porte têm estrutura mais reforçada.

Ilustração de camadas de uma pista de aeroporto

Para o engenheiro civil e gestor de aeroporto Paulo Lemes, a retomada das atividades no Salgado Filho deve ocorrer “de forma gradual”.

“Não há precedentes na história da aviação brasileira de aeroporto de grande porte impraticável, e com danos significativos em quase todos os elementos constituintes de sua infraestrutura”, afirma Lemes.

O engenheiro afirma ainda que espera que a Anac, assim que notificada sobre a segurança da pista pela concessionária, faça com celeridade a verificação do cumprimento do Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBac) Nº 153. A norma é a que estabelece os critério de segurança para a estrutura.

Mais testes

A Fraport divulgou no próprio site na quarta-feira (12/6) que a limpeza da pista já foi concluída. Amostras do revestimento asfáltico e das camadas de solo inferiores foram retiradas e enviadas a laboratórios para análises destas sondagens. Esta etapa do trabalho ainda não foi finalizada. Até quatro laboratórios poderão ser mobilizados simultaneamente.

Outras ferramentas de avaliação da pista serão utilizadas. Uma delas é o Heavy Weight Deflectometer (HWD), que em tradução livre para o português significa deflectômetro de impacto pesado. O HWD também mede a deflexão da pista. Um escaneamento de toda a pista com laser também será feito para verificar as suas condições.

Liberação

Procurada para dizer como é o processo de verificação da pista para liberação, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que a Fraport iniciou testes de sondagem para verificar a “resistência do solo, desde a compactação até a pavimentação”. Os resultados devem sair em cerca de 45 dias.

“Após o restabelecimento das condições operacionais do aeroporto, com verificação da recuperação das condições de segurança operacional e de segurança da aviação civil pela Anac, a reabertura do aeroporto poderá ser autorizada”, completou a agência.

Em nota ao Metrópoles, a Fraport, concessionária que administra o aeroporto, afirmou que a estimativa “preliminar” é que ao todo seja necessário aproximadamente R$ 1 bilhão para recuperação da estrutura.

Na terça-feira (21/6), o Ministério de Portos e Aeroportos divulgou que a Fraport informou que em quatro semanas vai apresentar o diagnóstico da análise de recuperação do sítio aeroportuário, compreendendo a pista e outras estruturas. “O CEO global da Fraport virá ao Brasil apresentar o diagnóstico técnico que está sendo realizado por uma empresa contratada pela concessionária”, completou o ministério, em resposta ao Metrópoles na sexta (21/6).

Importância

O secretário de Reconstrução do Rio Grande do Sul, Pedro Capeluppi, afirmou que, embora a gestão do aeroporto seja uma concessão pública da Anac, o governo vai acompanhar.

“É uma infraestrutura extremamente sensível fundamental para a economia. Tem regiões que estão muito impactadas pelo aeroporto”, disse ao exemplificar as dificuldades enfrentadas pelo setor de Turismo. “É um aeroporto que além das mais de 8 milhões de pessoas, movimenta muita carga. Isto tem um impacto na logística de distribuição de produtos”, acrescentou o secretário.

A alternativa para reduzir o impacto do fechamento do Salgado Filho, diz Capeluppi, foi ampliar a operação em aeroportos vizinhos. “O governo encomendou um estudo para que a gente tenha, dentro de 20 dias, o que pode ser feito de infraestrutura em termos de aeroporto.”

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