Análise: reveses de Doria e governadores do MDB fortalecem Bolsonaro
O governador de São Paulo teve uma derrota fragorosa na tentativa de expulsar Aécio da sigla
atualizado
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A ambição do governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), de presidir o Brasil não é segredo. Nem hoje, que ele governa o estado, nem no passado, quando foi prefeito da capital paulista.
A estratégia está mais ou menos desenhada: posicionar-se entre a direita e o centro e tentar isolar o presidente Jair Bolsonaro (PSL) no extremo do espectro ideológico. Ele, no entanto, avistou um problema no caminho: a imagem desgastada do que classificou como “velho” PSDB. E escolheu um Judas para chamar de seu: o deputado federal Aécio Neves.
Nessa quarta-feira (21/08/2019), no entanto, ele sofreu uma derrota fragorosa. A executiva nacional, composta por 38 membros, deu nada menos que 33 votos contra a expulsão do ex-grão tucano. Foi Doria que, nos bastidores, impulsionou a iniciativa.
No mesmo dia, o MDB anunciou a convenção do partido que vai escolher o futuro presidente da sigla para o dia 6 de outubro. Um pleito dos governadores do partido, entretanto, ainda não foi atendido: permitir que chefes dos executivos locais possam concorrer à presidência da sigla.
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), ambiciona a chefia da legenda. Mesmo com as portas ainda entreabertas, o caminho vem se mostrando mais acidentado do que inicialmente poderia parecer.
Próximo a Doria, e vislumbrando a possibilidade de uma dobradinha em 2022, Ibaneis também teve um atraso em seu caminho. No controle da máquina, ele poderia pleitear uma aliança com os tucanos e sair em posição de destaque. Uma vice-presidência, por exemplo.
Em um contexto parecido encontra-se o governador de Alagoas, Renan Filho. Com o mesmo pleito de Ibaneis, ele também vislumbra um voo mais alto. Até porque, se pleitear o Senado, terá no seu pai, Renan Calheiros, um possível adversário. Ele está em seu segundo mandato e não pode mais se reeleger.
Esses dois reveses fortaleceram o atual mandatário da República, Jair Bolsonaro. Doria, mesmo no comando do mais rico e populoso estado do país, demonstrou fraqueza no controle do PSDB. Sequer conseguiu expulsar um político que, no ano passado, foi flagrado em negociações até hoje inexplicadas com Joesley Batista, da JBS.
Já o seu possível e desejado aliado, o MDB, continua em mãos que não necessariamente demonstram simpatia ao seu pleito.
Dessa forma, Bolsonaro continua nadando sozinho no campo da direita, sem um adversário que demonstre força o suficiente para enfrentá-lo em 2022. Os dados ainda estão rolando, mas, na guerra pela sucessão presidencial, Bolsonaro pode até não ter vencido essa batalha. Mas Doria certamente teve uma derrota. E das grandes.