Amigo de Marcola do PCC: quem é Fuminho, que teve HC falsificado
Investigações apontam que ele é braço direito de líder do PCC, dono de exército na Bolívia e mentor de emboscada em Aquiraz (CE)
atualizado
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Gilberto Aparecido dos Reis, o Fuminho, é braço direito de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Integrantes da organização agiram na tentativa de incluir um habeas corpus falso no sistema informatizado do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) para que Fuminho deixasse a cadeia em dezembro de 2022.
Conforme investigações da polícia, Fuminho tem ligações com a ‘Ndrangheta, a máfia da Calábria, na Itália. Além disto, ele seria amigo de infância de Marcola.
Fuminho seria responsável por organizar o escoamento de cocaína para a Europa. O despacho da droga costuma ser feito a partir do Porto de Santos, no litoral paulista.
Uma das ações mais famosas de Fuminho foi uma tentativa cinematográfica para resgatar o chefão do PCC da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, em 2018.
Apurações do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) indicam que Fuminho teria uma base na Bolívia. Uma das fazendas dele no país vizinho, inclusive, servia para o treinamento de um exército particular.
São associados a Fuminho, conforme as autoridades policiais e a Justiça, homicídios de figuras famosas no meio do crime. Um dos episódios seria uma emboscada em Aquiraz, na Grande Fortaleza, em fevereiro de 2018. Na ocorrência, Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, membros da mais alta cúpula do PCC, foram assassinados.
Quando estava foragido, Fuminho teve o nome relacionado na lista de criminosos mais procurados do país. A prisão dele foi realizada em Moçambique, por meio de uma operação coordenada pela Polícia Federal, em 2020. Colaboraram o Departamento Antidrogas dos Estados Unidos (DEA) e a polícia moçambicana.
Fraude na Justiça
Investigado como um dos sócios de Marcola, o empresário Sandro Moretti, de 47 anos, organizou com mais dois comparsas uma tentativa de incluir no sistema informatizado do TJ-SP um habeas corpus. A ação foi em dezembro de 2022, às vésperas do recesso de fim de ano do tribunal.
Sandro está preso pelo crime. Os outros dois participantes da tentativa de fraude são os advogados José Pedro Candido de Araújo e Augusto Cesar Moraes Casaro, de 48 anos.
A denúncia de falsificação de papéis públicos contra Augusto foi aceita pela juíza Máriam Joaquim, do Foro de Itapecerica da Serra, na última quinta-feira (13/6). Desde então, ele era considerado foragido. O homem foi preso nesta segunda-feira (24/6), em Goiânia.
A participação de José Pedro, conforme as investigações, foi ter acessado os autos do processo em horário próximo ao da tentativa de fraude no sistema.