Amigo de João Pedro diz ter sido alvo da polícia ao socorrer adolescente
Menino de 14 anos foi assassinado durante ação policial no Rio de Janeiro quando estava na sua casa. Ele era estudante
atualizado
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Em depoimento ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), um amigo do adolescente João Pedro Matos Pinto, morto pela polícia aos 14 anos, relatou que foi alvo de disparos por parte de um policial após ele ter ajudado a socorrer o menino.
O jovem estava na casa no momento em que João Pedro foi assassinado e, segundo a testemunha, o agente teria pedido desculpas e dito que “achou que era bandido”. As informações foram reveladas pelo jornal Extra.
As versões das testemunhas e dos policiais envolvidos na morte do adolescente se contradizem. Os agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) alegaram não saber que havia crianças na casa quando fizeram disparos. As pessoas que testemunharam ação, porém, dizem que os agentes já tinham visto os menores deitados, tentando se proteger, quando atiraram.
Uma das testemunhas relatou ao Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp) do Ministério Público do Rio que o grupo de adolescentes estava na sala da casa quando os policiais invadiram. Eles tinham acabado de entrar na área coberta do imóvel, porque ouviram tiros.
Segundo a testemunha, quando os policiais passaram pelo portão, já era possível ver o grupo de adolescentes deitados na sala porque a porta e a janela do cômodo, que dão para a parte da frente do terreno, são de vidro. Pelo depoimento, seria possível tanto aos jovens ver os policiais quanto aos agentes ver os garotos.
Uma das pessoas que estava presente na hora do crime disse que vários amigos de João Pedro tentaram se comunicar com os policiais. Alguns gritavam que havia crianças, outros pediam socorro. De acordo com o depoimento, os policiais também conseguiam ouvir o que os jovem falavam.
O tiro que atingiu João Pedro teria sido disparado em seguida, quando o grupo corria para se esconder nos quartos da casa. Nenhum relato cita a presença de traficantes armados em fuga no imóvel.
A operação realizada no Complexo do Salgueiro, segundo a PCRJ, visava cumprir dois mandados de busca e apreensão contra lideranças de uma facção criminosa. Após o tiro, João foi retirado do local por um helicóptero da polícia. O destino, contudo, não havia sido comunicado à família.
O paradeiro do adolescente era desconhecido até que os parentes do garoto o localizaram o corpo no Instituto Médico Legal (IML) de São Gonçalo.