Ameaça de operação federal desmobiliza balsas no Rio Madeira
Trecho próximo à cidade de Autazes, no Amazonas, chegou a reunir 600 balsas
atualizado
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Enviados especiais a Autazes (AM) – A mobilização de forças federais para uma grande operação contra o garimpo fluvial em um trecho do Rio Madeira, a pouco mais de 100 km de Manaus, está afugentando os garimpeiros.
Dois dias após as primeiras notícias sobre a chegada de centenas de balsas à região, a maioria dos garimpeiros resolveu ir embora para evitar a fiscalização.
Autazes, cidade ribeirinha com cerca de 40 mil habitantes, virou palco de uma corrida do ouro após circular, entre garimpeiros que já exploram o minério no afluente do Rio Amazonas, a notícia de que havia um bom lugar para garimpar.
Em duas semanas, centenas de balsas se juntaram na beira de um distrito de Autazes chamado Porto do Rosarinho. Fotos aéreas da situação feitas pela ONG Greenpeace chamaram a atenção de ativistas e das autoridades.
Com a pressão, os balseiros estão deixando o local. Nesta sexta-feira (26/11), restam cerca de 50 balsas na região.
Forças policiais vindas de Manaus começaram a chegar a Autazes no início da tarde. A reportagem presenciou o movimento de tropas da PM fortemente armadas na balsa que chega às 13h. Só é possível acessar Autazes por água.
A reportagem conversou com garimpeiros que relataram desgosto com o que consideram perseguição do Estado. “Nos taxam como bandidos, mas queremos só trabalhar. Ninguém quer ser contra a lei, queremos pagar impostos, viver sem medo. É nosso modo de vida, o garimpo. Não queremos destruir a natureza, queremos fazer de maneira sustentável e legal”, discursou um deles, que negou a existência de atividades criminosas citadas pelo vice-presidente Hamilton Mourão.
“Não tem narcotraficantes aqui, tem famílias, pessoas tentando ganhar a vida. Não tem ninguém rico aqui, o ganho é pouco, o custo é alto. Muita gente investiu o que nem tinha pra vir pra cá e agora tá sendo expulso sem recuperar o investimento.”