Amazônia: desmatamento atrapalha desenvolvimento social de municípios
Levantamento realizado pelo Imazon mostra que o avanço do desmatamento na região atrapalha o desenvolvimento das comunidades
atualizado
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Os municípios da Amazônia que registraram as maiores taxas de desmatamento nos últimos três anos tiveram os piores desempenhos sociais, é o que mostra uma pesquisa divulgada pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) nesta quinta-feira (27/7).
O levantamento analisou os 47 indicadores de qualidade de vida de áreas como saúde, educação, segurança e moradia, do Índice de Progresso Social (IPS). A taxa leva em consideração o desenvolvimento social de determinadas áreas com o intuito de alcançar as necessidades humanas básicas de seus cidadãos.
Muitas vezes, o IPS é comparado aos indicadores do Produto Interno Bruto (PIB) ou até mesmo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). No entanto, ele não utiliza a variável de renda como indicador de bem-estar das sociedades. O Índice de Progresso Social é composto por necessidades humanas básicas, alicerces do bem-estar e oportunidades.
O estudo do Imazon mostra que os 29 territórios com altas taxas no IPS, superiores a 61,8, apresentam um desmatamento médio de 20 km² entre 2020 e 2022, segundo dados do Projeto Prodes, ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Em contrapartida, os 89 municípios que tiveram as avaliações mais baixas, inferiores a 50,1, destruíram uma média de 86 km² de floresta no período analisado. Se destaca a cidade de São Félix do Xingu, no sul do Pará, onde foram derrubados mais 1,7 mil km² de reserva nativa e possui um IPS de 52,56.
Confira:
“O IPS é um pouco melhor nas capitais e em alguns territórios com mais de 200 mil habitantes. Por outro lado, em geral, os municípios com altas taxas de desmatamento apresentam notas muito baixas. Isso mostra mais uma vez que a expansão da derrubada não gerou desenvolvimento na Amazônia. Pelo contrário, deixou os 27 milhões de habitantes da região sob condições sociais precárias”, destaca Beto Veríssimo, cofundador do Imazon e coordenador da pesquisa.
Em 2023, o IPS da Amazônia ficou em 54,32. Se comparar a região com outras nações, o amazônico equivaleria ao de Malawi. No último IPS Global, de 2022, o país africano estava na posição 125ª entre 169 países avaliados.
Além disso, nenhum dos nove estados da Amazônia Legal teve um IPS maior do que a média nacional. Os piores resultados foram do Pará (52,68), Acre (52,99) e Roraima (53,19).
O índice que avalia as oportunidades da região Amazônia registrou o pior desempenho. A Amazônia ficou com 40,31 no IPS, 45% menor do que a nacional. Essa dimensão reúne indicadores como vulnerabilidade familiar, violência de gênero, trabalho infantil, acesso à educação superior, transporte público e acesso à cultura e lazer.
“Para promover o progresso social na Amazônia é necessário reduzir drasticamente o desmatamento e as atividades ilegais associadas, pois essas deterioram o ambiente econômico inibindo bons investimentos e, com isso, retardando a marcha da prosperidade na região”, indica Veríssimo.