Dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre o desmatamento na Amazônia, divulgados nesta sexta-feira (10/3), apontam que o mês de fevereiro de 2023 foi o pior da série histórica, que teve início em 2015. A área total desmatada foi de 322 km², perímetro maior que a capital da Paraíba, João Pessoa.
Os dados representam um aumento de 61,8% em relação ao desmatamento na Amazônia no mesmo mês de 2022.
Veja abaixo o registro nos meses de fevereiro, desde o começo da série histórica:
- 2016 – 115 km²
- 2017 – 101 km²
- 2018 – 146 km²
- 2019 -138 km²
- 2020 – 186 km²
- 2021 – 123 km²
- 2022 – 199 km²
- 2023 – 322 km²
No dia 24 de fevereiro, foi divulgado pelo instituto uma prévia do índice. De acordo com os dados disponibilizados até 17 de fevereiro, o território da Amazônia Legal teve pouco mais de 208km² de área desmatada.
O Inpe registra o desmatamento na Amazônia praticamente em tempo real, por meio de monitoramento de satélite. O equipamento detecta alterações na cobertura florestal de área mínima de 3 hectares.
Nove estados compõem a Amazônia Legal: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão. No total, a área abrange 772 municípios.
Explicações
Para Rômulo Batista, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil, o aumento dos alertas de desmatamento em fevereiro, comparado ao ano anterior, pode ser interpretado por inúmeros fatores, dentre eles, a uniformização da fiscalização.
“Acabamos de sair de um governo que apoiava o desmatamento. Enquanto a fiscalização e o controle não chegam em todo território, os desmatadores ilegais podem estar aproveitando para expandir esse desmatamento enquanto essas ações do Estado não incidem sobre o território”, considera Rômulo.
Para Mariana Napolitano, gerente de Conservação do WWF-Brasil, o que se pode afirmar com clareza é que os eventos climáticos estão afetando de forma mais recorrente o Brasil e que o controle do desmatamento é fundamental para atenuar as perdas.
“As ações anunciadas pelo atual governo são bem-vindas, mas é necessário que toda a sociedade participe desse processo de reconstrução ambiental”, explica Mariana.