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Amapaenses apelam a banho de rio para driblar calor e falta de água tratada

Apagão que atinge cerca de 90% da população do Amapá completa uma semana. Governo federal apura responsabilidade

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Amapaenses recorrem a banho de rio para driblar calor e falta de água no Porto de Santana amapa 4
1 de 1 Amapaenses recorrem a banho de rio para driblar calor e falta de água no Porto de Santana amapa 4 - Foto: Hugo Barreto/ Metrópoles

Enviados especiais a Macapá (AP) — Uma semana após o apagão que atinge quase 90% da população do Amapá, moradores de Santana, Região Metropolitana de Macapá, têm recorrido aos mais variados expedientes para tentar amenizar os efeitos da situação.

Tayane Valente, 28, é mãe de duas crianças, uma de 2 e outra de 5 anos. Ela conta que está há uma semana sem água tratada em casa e tendo acesso à energia elétrica de seis em seis horas.

A região onde Tayane mora com os filhos, a mãe e mais dois irmãos, está sendo abastecida de luz das 6h ao meio-dia e das 18h à meia-noite.

“Depois do almoço [quando não há energia até as 18h], o único local pra gente vir é o Rio Amazonas, porque não tem como ficar lá em casa, é muito quente. É terrível de quente esse horário. Então a gente fica aqui a tarde toda para se refrescar, ficar relaxado e aí voltar para casa e para o calor”, detalha.

A amapaense explica que, apesar de estar tendo energia em esquema de rodízio, não tem acesso à água tratada no bairro há uma semana.

“Ainda não restabeleceu o fornecimento de água tratada no nosso bairro. A gente compra água mineral, que serve para a gente beber e fazer a alimentação, mas até nisso tem dificuldade, porque aumentou o preço – que era R$ 5, e agora está R$ 15 o garrafão de 20 litros”, comenta.

“[Por conta do calor] A gente não tá acostumado a não tomar água gelada. Então, quando a luz volta, a gente aproveita para colocar tudo para gelar”, prossegue.

Ana Lobato Melo, 58 anos, divide a casa de três quartos, cozinha, sala e banheiro com três famílias. No total, são sete crianças e 13 adultos que habitam a residência.

Ela explica que fecha as janelas assim que escurece para evitar mosquitos e pernilongos, o que faz com que não haja ventilação e, consequentemente, faça (mais) calor.

“É complicado, porque a gente chega do serviço e já vai dormir. Não tem o que fazer. A gente não vê o rosto de quem mora com a gente”, afirma, acrescentando que, em muitas noites, no entanto, não consegue dormir.

“Aqui no bairro não temos luz da meia-noite às 6 da manhã. Apesar de ficar tudo escuro, a gente fica muito ansioso, sabe? Mas as coisas vão melhorar. A gente vai vivendo…”, torce Ana.

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Taiane Valencio,  moradora da comunidade Ambrósio, em Macapá
Taiane Valencio e o filho
Apagão elétrico no Amapá
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Lena Almeida, 27, é moradora do mesmo bairro. Mãe de quatro filhos pequenos, ela conta que coloca todos para dormir assim que escurece. Ela, o marido e a mãe permanecem acordados.

“Eu aproveito quando está de dia para dormir, porque de noite é quando a energia chega [de 18h à 0h] e eu aproveito para resolver as coisas da casa – lavar louça, lavar roupa, congelar os alimentos e congelar água”, conta Lena. “Acabo dormindo só de manhã.”

Início do apagão

Há uma semana, enquanto ocorria uma forte tempestade em Macapá, uma explosão seguida de incêndio atingiu os três únicos geradores de energia de uma subestação da Zona Norte.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia, as causas do incêndio ainda são desconhecidas. Uma investigação foi aberta para apurar a responsabilidade.

O fogo danificou um transformador e atingiu os outros dois — um deles já estava inoperante por causa de uma manutenção realizada desde dezembro de 2019.

De acordo com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que esteve no Amapá para monitorar de perto a situação, até o fim desta semana a energia do Amapá deve ser restabelecida totalmente.

Atualmente, as cidades têm fornecimento de energia parcial, em esquema de rodízio, de seis em seis horas.

Enquanto isso, a Justiça Federal no estado determinou na noite de sábado que a solução completa para a falta de energia ocorra em até três dias a partir da intimação, sob pena de multa de R$ 15 milhões para Isolux — companhia responsável pela subestação atingida pelo incêndio.

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