AM cria força-tarefa para buscar jornalista e indigenista que sumiram
Governo amazonense enviou reforço policial especializado para o município de Atalaia do Norte, no interior do estado
atualizado
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O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), determinou que as polícias Civil e Militar criem uma força-tarefa para procurar o jornalista inglês Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira. O sumiço de ambos, no Vale do Javari, já ultrapassa 24 horas.
Wilson Lima determinou à Secretaria de Segurança Pública o envio de reforço policial especializado para o município de Atalaia do Norte, no interior do estado, para apoiar as buscas e as investigações.
O titular da 50ª Delegacia Interativa de Polícia Civil (DIP), delegado Alex Perez, articulou a ação entre as polícias, além de voluntários para intensificação das buscas na região, que já foram iniciadas.
“A Secretaria de Segurança Pública está tomando todas as medidas cabíveis para auxiliar na elucidação do caso”, informa, em nota.
O governo do Amazonas ressaltou que trabalha em colaboração com o Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF) e Fundação Nacional do Índio (Funai), que também apuram o caso.
Segundo a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), o jornalista e o indigenista se deslocaram com o objetivo de visitar a equipe de vigilância indígena que se encontra próxima ao Lago do Jaburu. O jornalista pretendia realizar algumas entrevistas com os habitantes daquela região.
Segundo informações iniciais, os dois desapareceram quando faziam o trajeto da comunidade Ribeirinha São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte.
O editor do jornal britânico The Guardian Jonathan Watts, no qual Phillips é colaborador, pediu que as buscas sejam céleres.
“Apelando às autoridades brasileiras para que iniciem urgentemente a operação de busca”, publicou Jonathan Watts no Twitter.
Dom Phillips, a superb journalist, regular contributor to @guardian, and great friend, is missing in Javari Valley of Amazon after death threats to his indigenista companion, Bruno Pereira, who is also missing. Calling on Brazilian authorities to urgently launch search operation.
— jonathanwatts (@jonathanwatts) June 6, 2022
Em nota, o jornal britânico manifestou preocupação com o desaparecimento, e afirmou que “busca urgentemente informações”.
“Estamos em contato com a embaixada britânica no Brasil e autoridades locais e nacionais para tentar apurar os fatos o mais rápido possível”, frisa o texto.
Bruno Araújo era alvo constante de ameaças pelo trabalho que vinha fazendo com os indígenas contra invasores. Ele atua na Fundação Nacional do Índio (Funai) desde 2010, mas está licenciado.
O Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal e o Exército já foram acionados para realizar as buscas. Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato também demonstrou preocupação com o caso.
A Funai informou que está acompanhando o caso e mantém contato com as forças de segurança que atuam na região para colaborar nas buscas.
Indigenista renomado
Bruno é considerado um dos indigenistas mais experientes da Funai. No órgão desde 2010, ele foi coordenador regional da Funai de Atalaia do Norte por cinco anos. Acabou demitido, em 2019, após combater mineração ilegal em Terras Indígenas.
A exoneração de servidor ocorreu no momento em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou um projeto para liberar garimpos nas reservas.
O indigenista está licenciado da Funai, e atualmente faz parte do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente (Opi).
Jornalista prepara livro
Dom Phillips é um jornalista colaborar do jornal britânico The Gardian. Ele se mudou para o Brasil em 2007 e mora em Salvador.
Phillips está trabalhando em um livro sobre meio ambiente, com apoio da Fundação Alicia Patterson.
Além do The Guardian, Phillips já publicou trabalhos no Financial Times, New York Times, Washington Post e em agências internacionais de notícias.
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