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Alvo de roubo de R$ 994 mil em bitcoins denuncia tortura por policiais

Policiais civis foram presos em flagrante depois do crime, praticado na região de Alto Paraíso de Goiás, na Chapada dos Veadeiros, no sábado

atualizado

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Reprodução: PCGO
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1 de 1 arma - Foto: Reprodução: PCGO

Coagido a transferir bitcoins em quantia equivalente a R$ 994,7 mil durante roubo praticado por policiais civis de Goiás, um negociador disse ao Metrópoles nesta segunda-feira (7/2) que está sofrendo ameaça de morte mesmo depois de os suspeitos serem presos em flagrante. “Colocaram a arma na minha boca e na minha cabeça”, afirmou Renan Batista Silva, de 32 anos.

“Tem muita gente desconhecida mandando mensagens no WhatsApp dizendo que, se eu falar alguma coisa para alguém, as coisas irão ficar ruins para mim. Algumas pessoas mandaram mensagem pelo Telegram, falando que, se eu desse entrevista, as coisas iriam complicar para o meu lado. Estou sendo ameaçado e me sentindo coagido”, disse ele.

Renan e dos amigos foram abordados pelos policiais civis William da Silva Ribeiro, de 40, Reges Alan dos Santos, de 32, e Antonnio Henrique Afonso Alves, de 38, armados, no sábado (5/2), após saírem de uma pousada na região de Alto Paraíso de Goiás, na Chapada dos Veadeiros. As armas foram apreendidas, e os três suspeitos, afastados de suas funções pela corporação após serem presos por policiais militares

O negociador, que em 2017 já foi alvo de investigação que o apontou como um dos líderes de esquema de pirâmide financeira com “criptomoedas”, disse que foi submetido à tortura após ser levado para o chalé da pousada por Reges Alan e Antonnio Henrique. No mesmo momento, os dois amigos dele tiveram de ficar longe, vigiados por William.

“Arma na boca e na cabeça”

“Quando me levaram para dentro do chalé, o tempo todo apontaram arma para mim, colocaram arma na boca e depois me colocaram de joelho com arma apontada para minha cabeça. Antonnio me enforcou, botou arma na minha cabeça e disse que iria me matar e depois iria me matar a minha família”, lembrou Renan.

De acordo com a ocorrência policial, Renan ficou no chalé com os policiais por cerca de 2 horas. “Reges me deu socos na barriga e chutes, enquanto Antonnio me enforcava”, lamentou o negociador. Ele mora no exterior e diz que foi à Chapada dos Veadeiros porque comprou um terreno na região, onde planeja construir um restaurante ou pousada.

“Eu ainda não assimilei o que aconteceu comigo, estou em choque, traumatizado. Na hora, os policiais ficaram falando que, se eu acionasse alguém ou se eu contasse, iriam me matar e matar minha família”, ressaltou ele.

“Me senti coagido”

A vítima reclamou da demora para ser encaminhada para o exame de corpo de delito e disse que o delegado Juliano Campestrini mandou os militares saírem da sala enquanto ele prestava depoimento, mas não impediu a entrada do advogado de um dos suspeitos no mesmo recinto, no momento em que ainda prestava informações.

“O delegado mandou os PMs se retirarem, ficarem longe, e eles tentaram entender o que estavam acontecendo. Passaram cinco minutos, e o advogado do William entrou na sala enquanto eu estava dando depoimento. Me senti coagido. Quando ele entrou, não consegui mais falar. Ele me intimidou entrando na sala no momento do meu depoimento”, afirmou Renan.

Com família em Brasília, São Paulo e Minas Gerais, Renan disse que sentiu ainda mais medo depois que os policiais mostraram uma pasta com fotos e informações de seus familiares e outras pessoas próximas.

“Me assustou”

“Tinha pasta com fotos que tiraram das redes sociais e nomes de familiares. Tinha mais de 25 pessoas nessa pasta. Minha mãe estava em Belo Horizonte, e eles sabiam que ela estava lá. Isso foi o que mais me assustou”, afirmou.

Renan disse, ainda, “está tudo resolvido” sobre a investigação das Polícias Civil de três estados (PE, MG e CE) e do Distrito Federal que, em 2017, o apontou com o líder de um esquema com Bitcoin que pode ter causado prejuízo de mais de R$ 450 milhões a investidores de dez países da América Latina.

Providências

O delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, Alexandre Lourenço, afirmou mais cedo ao Metrópoles que a corregedoria da corporação já instaurou investigação interna e confirmou o afastamento dos suspeitos das funções.

“Desde a primeira hora da primeira denúncia, a corregedoria entrou em ação. Ontem [domingo] bem no início da manhã, já tinha o caso bem desenhado, bem delimitado. [Os policiais] foram alcançados todos, já foram ouvidos. Os policiais serão afastados agora, administrativamente, e vamos aguardar o desfecho das investigações”, disse o delegado.

O Metrópoles procurou a assessoria de imprensa da PCGO para verificar se o delegado Campestrini têm interesse em se manifestar, mas não obteve retorno até o momento em que publicou esta reportagem.

O portal não encontrou contato da defesa dos suspeitos, mas o espaço segue aberto para manifestações.

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