Alvo de golpistas em 8/1, STF declara perda total de 31 itens vandalizados
Entre as perdas irrecuperáveis do STF está a escultura “Os dois magistrados”, de Remo Bernucci. Há ainda 114 itens a serem revitalizados
atualizado
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Um mês após os atos golpistas, os esforços para restaurar os itens depredados por extremistas que invadiram os prédios dos Três Poderes, em 8 de janeiro, seguem no Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, o rastro de destruição deixou prejuízos irreparáveis na história da República. A Corte anunciou que 31 itens não poderão ser recuperados.
Entre os itens da lista estão cadeiras, bases de bustos, vasos, vitrines, mesas e a escultura “Os dois magistrados”. Esculpida em simulação de rocha vulcânica por Remo Bernucci, em 1960, a obra de arte se perdeu completamente em meio ao vandalismo. Ela agora só poderá ser vista em fotos do acervo, expostas no Google:
Há ainda um item não localizado: uma bandeira do Brasil. Outros 114 artigos são passíveis de restauração, dos quais 28 foram restaurados pelo Laboratório de Preservação do STF, sendo eles: 10 bustos, 3 esculturas, 5 quadros, 2 letreiros, galeria de fotografias dos ministros presidentes, vitrine da Constituição, 2 pedestais, crucifixo do plenário, 2 brasões e painel da cabeça da Justiça.
Todos os itens são relacionados à Memoria Institucional e estavam alocados no Salão Nobre, Hall dos Bustos, Salão Branco, Plenário e 3º andar do prédio sede da Corte. A estimativa não inclui mobiliário de uso cotidiano e outros itens de escritório que não estejam diretamente ligados à memória.
Prejuízos
O Supremo Tribunal Federal (STF) informou à Advocacia-Geral da União (AGU) que a estimativa parcial dos custos de reparação da sede da Corte depois do vandalismo sofrido nos atos antidemocráticos está em R$ 5,923 milhões. A Corte, no entanto, deve fazer uma nova estimativa em breve.
Após ser alvo de vandalismo, o STF criou um acervo do rastro de destruição deixado pelos bolsonaristas. O plenário foi reconstruído com menos de um mês após a tentativa de golpe, após uma ampla força-tarefa com empresas terceirizadas, funcionários da limpeza, grupos de arquitetos, engenheiros, marceneiros, vidraceiros e restauradores.
A Corte também anunciou um acervo dos itens que foram danificados de forma permanente. Entre as obras está uma cópia queimada da Constituição Federal.
Veja o espaço exposto no Salão dos Bustos:
Veja imagens da renovação feita no prédio:
O que ocorreu
Inconformados com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial, bolsonaristas ocuparam, em outubro de 2022, a Base Administrativa do Quartel-General do Exército.
Sete dias após a posse do petista, vindos de outros estados, os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se juntaram aos que estavam acampados no QG há mais de dois meses e, no dia 8 de janeiro, se reuniram na Esplanada dos Ministérios pedindo intervenção militar e destituição dos Três Poderes.
Os ânimos efervesceram e, no começo da tarde daquele dia, os apoiadores do ex-mandatário do Brasil invadiram as sedes dos Três Poderes: o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal (STF).
Veja imagens de como ficou a Suprema Corte após os ataques: