Alvarás falsos de soltura podiam ser flagrados facilmente, diz especialista
Documentos fraudados estavam com o nome da juíza federal Marceli Maria Carvalho Siqueira e de um oficial de Justiça que não existe
atualizado
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Rio de Janeiro – Os dois alvarás de soltura completamente falsos poderiam ser descobertos com facilidade antes que agentes da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) colocassem em liberdade João Filipe Barbieri, considerado um dos maiores traficantes de armas do mundo, e de João Victor Silva Roza, outro membro da quadrilha, no fim do ano passado.
Um agente penitenciário chegou a alertar sobre a suspeita de fraude, mas mesmo assim Barbieri saiu pela porta da frente do presídio Lemos de Brito, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio.
“Tendo acesso, agora, aos alvarás, percebe-se que, ao menos formalmente, os mesmos têm a aparência de alvarás verdadeiros. Não obstante, basta a consulta ao sistema (Sarq) para que, verificada a numeração, a fraude seja descoberta. Por óbvio, a soltura contou com a conivência de funcionários, que, após investigação em inquérito policial, certamente serão descobertos e responsabilizados civil, administrativa e criminalmente”, afirmou o presidente da Associação Nacional da Advocacia Criminal, James Walker Junior.
Leia a íntegra do alvará falso de soltura de João Filipe Barbieri:
Barbieri by Lourenço Flores on Scribd
Leia a íntegra do alvará falso de soltura de João Victor Silva Roza:
Joao Assinado by Lourenço Flores on Scribd
Investigações para punir responsáveis
A Seap abriu sindicância para apurar o caso, assim como o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Estado do RJ. Nos documentos, enviados por e-mail, para as unidades, o nome de um oficial de Justiça que não existe. Comprovada a participação de servidores, fraudes podem levar a demissão e responsabilização criminal dos envolvidos no esquema. No MPF, o procurador da República Eduardo Benones ficará à frente das investigações.
João Filipe Barbieri ganhou a liberdade, em 13 de novembro do ano passado. Ele é enteado de Frederick Barbieri, considerado o “Senhor das Armas”, preso nos Estados Unidos. João Filipe é condenado a 27 anos de prisão e estava preso desde 2017.
Roza, condenado a 16 anos por ser apontado como o homem que fazia a distribuição das armas enviadas por João Filipe e Frederick Barbieri, deixou a prisão no dia 9 de outubro. Tanto João Felipe quanto Roza são considerados foragidos da Justiça.