Alunos apoiam professora após demissão por vazamento de nudes em Goiás
“Vamos sentir a sua falta”, alunos enviaram mensagens de apoio à professora. Caso foi denunciado pela própria professora na Polícia Civil
atualizado
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Alunos da Escola Estadual Doutor Gerson de Faria Pereira, em Alto Paraíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, enviaram mensagens de apoio à professora de história Bruna Flor de Macedo Barcelos. Ela denuncia ter sido demitida após o vazamento de fotos íntimas que estavam no celular dela.
De acordo com a professora, as fotos foram vazadas por alunos que acessaram pastas privadas do celular pessoal dela.
“Bruna vou sentir muita a sua falta, você era a melhor professora que tinha aqui no Gerson. Te amo muito, você vai ser sempre lembrada”, disse uma estudante.
“É difícil colocar em palavras o quanto aprendi e cresci ao longo deste tempo sob sua orientação. Sua dedicação e paixão pelo ensino deixou uma marca profunda em mim. Vou sentir falta das suas aulas, mas levarei conhecimentos valiosos para toda a vida”, disse outro aluno.
“Professora, vim agradecer a você por tudo que a senhora fez por nós. Você vai estar para sempre em nossos corações, tia. A nossa madrinha de turma favorita”, afirmou outra menina.
Demissão
Em nota, a Secretaria Estadual de Educação de Goiás (Seduc) negou que a demissão da professora está relacionada ao vazamento de fotos íntimas dela. A pasta afirma que Bruna foi contratada em regime emergencial para suprir uma demanda da unidade escolar.
De acordo com a pasta, o desligamento da profissional se deu devido à convocação de novos professores aprovados no concurso público realizado em 2022, que assumiram, de forma efetiva, em 2023, vagas dos contratos especiais na rede pública estadual de ensino.
“Sobre os fatos que envolvem a conduta da professora, a Seduc Goiás esclarece que segue a legislação de proteção à criança e adolescente, por meio do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), sempre trabalhando com zelo e prezando pela harmonia e respeito entre os servidores e estudantes”, informou a pasta.
Denúncia pela professora
A professora denunciou o vazamento das fotos à Polícia Civil de Goiás. De acordo com ela, além da demissão, ela foi destratada por colegas e pela gestão da escola.
Bruna conta que emprestou o celular para que os alunos pudessem tirar fotos de um evento escolar que, posteriormente, seriam usadas em uma atividade pedagógica. No entanto, eles acessaram pastas particulares e compartilharam as imagens com os demais colegas.
“Me senti violada, violentada. Na sequência, a gestão da escola criou um ofício dizendo que os estudantes se sentiam constrangidos de assistirem às minhas aulas por terem visto minha foto nua. Uma inversão de quem foi vítima na situação”, disse a professora ao portal G1.
A gestão da escola soube do ocorrido após uma coordenadora ver diversos estudantes reunidos e, ao se aproximar, ver que eles estavam olhando uma foto da professora nua. Mesmo assim, a gestão permitiu que ela trabalhasse até o final do dia com todos já sabendo do vazamento, exceto ela.
“Eu trabalhei até o quinto horário normalmente, sem saber de nada. Enquanto estava todo mundo já sabendo da situação, eu só vim a saber às 18 horas, quando a diretora, no final do dia, me chamou para uma reunião, dizendo que era [uma conversa] só eu entre mim e ela. Mas tinham seis pessoas na sala, me senti inibida e é onde ela me passou o fato. Fiquei estarrecida”, relembrou a professora.
Ainda de acordo com a professora, ela tinha um contrato de cinco anos com a escola, e a demissão ocorreu em menos de oito meses após o início do contrato, em 2023.
Em resposta a um ofício em defesa da professora, a escola afirmou que o regimento escolar estipula que os professores não podem emprestar seus celulares de uso pessoal aos alunos. A instituição também destacou que as decisões foram tomadas em conformidade com o Estatuto da Criança e do Adolescente, que preconiza a proteção integral das crianças e seus direitos.
Bruna defende que o celular foi emprestado porque a escola não tinha aparelhos que fizessem filmagem e que o registro do evento, que fazia parte do Mês da Consciência Negra, era importante.
Sem renda
Ainda segundo a professora, ela tem passado dificuldades após a demissão. Ela deixou de trabalhar em 2 de novembro de 2023.
“Eu fui demitida em novembro, mas as consequências disso estão até hoje, porque eu fiquei sem como pagar o aluguel, estou vivendo na casa de pessoas, de 20 em 20 dias eu troco de casa. Tenho recebido muita humilhação, não estou tendo dinheiro para me alimentar, um constrangimento muito grande”, lamenta a professora.