Aluno utiliza égua para buscar atividades escolares no Entorno do DF
Por causa da suspensão das aulas presenciais, a cada 15 dias, o estudante percorre 2 km com a égua Kíria para buscar as atividades escolares
atualizado
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Goiânia – Em decorrência da pandemia de coronavírus, as aulas presenciais da rede pública de Educação de Goiás foram suspensas em março de 2020. Por isso, um aluno do Colégio Estadual Ester da Cunha Peres, em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal, percorre a cada 15 dias, 2 km com a égua Kíria, para buscar as atividades escolares.
Lorran Dias dos Santos, de 13 anos, cursa o oitavo ano do ensino fundamental e sonhar em ser engenheiro agrônomo ou médico veterinário.
De acordo com a diretora da instituição, Laurinda Ribeiro, Lorran é um aluno esforçado, participativo em sala de aula, dedicado e elogiado pelos professores. Ao Metrópoles, ela disse que o estudante vai ao local com a égua por ser um hobbie, já que ele sonha com a profissão.
Em entrevista ao G1, Lorran disse que gosta de estudar e que preferia as aulas presenciais do que as remostas, pelo contato com colegas e professores. O garoto destaca a importância do estudo. “Eu vou a cavalo para a escola porque é o jeito que eu tenho de estudar. Estudar é o que vai definir o que você vai ser no futuro”, disse ele.
Segundo a mãe de Lorran, Lucivânia Dantas Dias, de 40 anos, as aulas remotas têm imposto um ritmo diferente e com dificuldades no ensino. “Dentro de casa é difícil ter o acompanhamento. Eu e o pai trabalhamos, se ele tiver alguma dúvida, não tem ninguém para ajudar”, disse ela.
Ainda conforme relato da mãe do estudante, a internet da família é ruim. “É uma internet de poucos gigas, é difícil acompanhar [as aulas]”, explicou.
Dificuldade de acesso
Segundo Laurinda, o maior problema no momento é a dificuldade de acesso à internet dos estudantes. Por isso, de 15 em 15 dias, a escola disponibiliza atividades impressas, além do conteúdo postado na plataforma da Secretaria de Estado da Educação (SEDUC) e das aulas on-line. Nesse período, os alunos buscam as atividades e retornam com as avaliações para as devolutivas dos professores.
“Nós temos 657 alunos, 300 deles buscam as atividades impressas. Muitos moram em locais bem distantes, não têm condições de irem à escola, então eu vou na residência entregar os conteúdos. Outros até têm acesso a internet, mas por meio de pacotes que são insuficientes”, disse ela.
Ainda segundo a diretora da unidade escolar, no ano passado, o estado disponibilizou alguns aparelhos celulares com acesso à internet para os alunos, com o intuito de facilitar a integração nas aulas remotas. No entanto, foram poucas unidades e não foi possível atender toda a demanda do colégio.