Allan dos Santos e Sérgio Camargo se atacam por Olavo de Carvalho
Militante foragido nos EUA chamou Camargo de “analfabeto”. Presidente da Palmares respondeu xingando Santos de “oportunista fracassado”
atualizado
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Não há paz na extrema-direita brasileira desde que o escritor Olavo de Carvalho subiu o tom contra o governo Jair Bolsonaro (PL), em transmissão pela internet no último dia 20 de dezembro. As palavras do guru do radicalismo de direita, que criticou o desempenho político de Bolsonaro e chegou a dizer que “a briga já está perdida” no Brasil, estão levando outros militantes extremistas e até autoridades nomeadas no governo federal a brigarem nas redes, com acusações e xingamentos mútuos e duros.
Neste domingo (26/12) foi a vez do militante Allan dos Santos, que tem a prisão determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas está foragido nos Estados Unidos, e Sergio Camargo, presidente da Fundação Palmares, uma autarquia federal, trocarem xingamentos na web. Camargo já havia sido alvo do próprio Olavo de Carvalho após ter defendido seu chefe, dizendo que Bolsonaro “nunca precisou e jamais precisará de um ‘professor'”, usando as aspas de maneira irônica.
Entrando nessa briga, Allan dos Santos usou um canal que mantém no aplicativo Telegram (outras redes dele, como Instagram, YouTube e Twitter, estão bloqueadas pela Justiça) para questionar o nível intelectual do presidente da Fundação Palmares: “O Brasil pariu uma horda de analfabetos que, se não estivessem na política, não seriam capazes de ensinar uma única e mísera coisa sequer. Vivem do salário que recebem do Estado e assim que dele sair não serão capazes de organizar um grêmio estudantil”, iniciou o dono do site bolsonarista Terça Livre, que foi desativado depois que a Justiça impediu repasses de publicidade online.
“Esse Sérgio Camargo é um deles. A idiotice que falou sobre o professor Olavo de Carvalho é a prova de que, se não fosse o carguinho dele, ninguém nunca saberia quem é esse infeliz”, emendou Santos.
O presidente da Fundação Palmares usou suas redes sociais para responder na mesma moeda: “O brasileiro é, majoritariamente, conservador, e nunca leu Olavo de Carvalho. Nem assistiu ao Terça Livre. Meu conservadorismo deriva, unicamente, da educação que recebi dos meus pais. Quem fala de ‘carguinho’ sofre de inveja e interesse contrariado. É oportunista fracassado”, atacou Sérgio Camargo, que tem sido intensamente atacado nas redes por bolsonaristas-olavistas que ficaram incomodados com suas críticas ao guru. Ele escolheu mensagem de Allan dos Santos para responder de modo geral às cobranças que vem sofrendo.
Veja a treta entre os bolsonaristas:
O que disse Olavo de Carvalho
O guru bolsonarista que esteve no Brasil por algumas semanas para fazer um tratamento médico na rede pública, mas voltou aos EUA, onde vive, em outubro (sem avisar a Polícia Federal, que o procurava para tomar um depoimento), costuma fazer críticas pontuais de tempos em tempos ao governo Bolsonaro. Para Carvalho, o presidente virou as costas à pauta ainticomunista e passou a fazer a política rasteira em Brasília.
Esse tipo de crítica tem aparecido mais desde que Bolsonaro fortaleceu sua aliança com partidos do Centrão e demitiu ministros da ala ideológica/extremista, como os olavistas Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores, e Abraham Weintraub, ex-titular da Educação.
Justamente ao lado de ex-auxiliares de Bolsonaro como Wentraub, Araújo e o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, Carvalho disse em transmissão pela internet, no último dia 21 de dezembro, que Bolsonaro não é “guerreiro” nem “estadista”.
“O que ele quer agora é parecer simpático, parecer bonzinho, parecer um bom administrador. O que de fato ele é, é um excelente administrador, de fato é o melhor que nós já tivemos pra lidar com obras públicas, economia. Está indo muito bem. Mas política ele não faz, e sobretudo, o guerreiro ele não é. Estadista ele não é, de jeito nenhum. Ele é como um prefeito de interior, é o Paulo Salim Maluf sem a roubalheira”, avaliou Olavo na live.
“A briga já está perdida“, continuou o guru extremista. “O Bolsonaro não é obedecido em praticamente nada, nada. Quem manda no Brasil é a turma do STF, da mídia, do show business. Acabou. E o pessoal das Forças Armadas? Assiste a tudo isso. Só acredita em neutralidade ideológica. Ou seja, no Brasil só existem duas possibilidades: ou você é comunista ou você é neutro. Não existe direita. Existe bolsonarismo”, completou ele, para desgosto de bolsonaristas que não admitem que o líder ou seu governo sejam alvo de críticas de simpatizantes incomodados.