Alívio para Pazuello repercute entre políticos: “Exército de joelhos”
Exército anunciou nesta quinta-feira que o general Eduardo Pazuello não sofrerá punições por ter ido a evento político com Bolsonaro
atualizado
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O anúncio de que o processo disciplinar contra o general da ativa Eduardo Pazuello por participar de evento político ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi arquivado está provocando reações de protesto em políticos críticos ao governo. O Exército comunicou a decisão nesta quinta-feira.
A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) foi uma das primeiras a se manifestar nas redes sociais. “Liberou geral. É um escândalo. É um incentivo à anarquia”, escreveu ela, que também acusou o presidente Jair Bolsonaro de estar destruindo as instituições brasileiras. Veja:
@jairbolsonaro está destruindo nossas instituições!
Como pode a cúpula do @exercitooficial ficar de joelhos para um político?!
Que vergonha.— Joice Hasselmann (@joicehasselmann) June 3, 2021
O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM) foi duro em sua avaliação:
O Exército não decidiu arquivar a denúncia contra Pazuello. O Exército decidiu que agora militar pode participar de manifestações políticas como bem entender. Isso não será bom para uma instituição que tem o respeito do povo brasileiro.
— Marcelo Ramos (@marceloramosam) June 3, 2021
O deputado federal e ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) cobrou que seja pautado – coisa que ele não fez quando podia – um Projeto de Lei que proíba aos militares da ativa a ocupação de cargo de natureza civil na administração pública.
Marcelo Freixo (PSol-RJ), também deputado federal, acusou o Exército de violar suas próprias regras:
Gravíssimo o Exército não punir Pazuello, violando seu próprio Estatuto e o Código Penal Militar. As Forças Armadas, que deveriam agir como instituições de Estado, estão se desmoralizando diante da delinquência de Bolsonaro e estimulando a quebra da disciplina pela tropa.
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) June 3, 2021
O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, se manifestou no início da noite, em tom mais moderado. Veja:
1) Há diferença grande entre os movimentos sagazes da guerra: a retirada e a capitulação, que é a rendição ao inimigo. Quero crer que a decisão do comando do Exército é movimento de retirada, de recuo, não de capitulação.
— Renan Calheiros (@renancalheiros) June 3, 2021
Os políticos que apoiam o governo também começam a reagir em defesa da decisão. O deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ), por exemplo, avaliou que uma punição, se viesse, seria por pressão da mídia. Ele deu parabéns ao Exército. Veja:
Parabéns ao Exército Brasileiro que não se curvou as pressões da mídia progressista e não puniu o Gen Pazuello por um ato indisciplinar inexistente.
— Otoni de Paula (@OtoniDepFederal) June 3, 2021
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) foi outro a se posicionar de maneira crítica:
GRAVÍSSIMO! Não há dúvida que Pazuello participou de ato político e quebrou as regras de disciplina e hierarquia do Exército. Ao ceder a Bolsonaro e aceitar a imposição da desordem, o comando trincou o mais importante estamento militar. As consequências podem ser trágicas.
— Orlando Silva (@orlandosilva) June 3, 2021
O enredo
No último dia 23 de maio, no Rio de Janeiro, Pazuello subiu em um carro de som ao lado de Bolsonaro. O presidente discursou e chamou o general para saudar o público. Pazuello tirou a máscara para fazer isso.
Foi instaurado, então, um processo administrativo contra o general, uma vez que o Estatuto dos Militares e o Regulamento Disciplinar do Exército proíbem que militares da ativa participem de atos políticos.
O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), militar da reserva, foi uma das vozes que defenderam punição para “evitar a anarquia” nas Forças Armadas. O comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, porém, decidiu arquivar o procedimento administrativo após ouvir a versão do general. Segundo ele, não houve prática de transgressão militar.