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Aliados de Bolsonaro já falavam de reunião golpista e apoio da Marinha

Sócio de Eduardo Bolsonaro e Ramiro dos Caminhoneiros já falavam, em dezembro do ano passado e em janeiro deste ano, de reunião

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Marcelo Camargo/Agência Brasil
Jair Bolsonaro, Almir Granier e Paulo Sérgio batem continência
1 de 1 Jair Bolsonaro, Almir Granier e Paulo Sérgio batem continência - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A reunião entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a cúpulas das Forças Armadas, delatada por Mauro Cid e em que foi discutida a possibilidade de um golpe para impedir a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já vinha sendo citada por aliados e apoiadores do ex-mandatário.

Informações sobre o encontro estão na delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e foram confirmadas pelo Metrópoles. Em dezembro de 2022, o influenciador e empresário Paulo Generoso, sócio de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), escreveu em suas redes sociais sobre o plano de golpe com a suposta participação do ex-presidente.

Na ocasião, o empresário, que apoiou os atos de janeiro, afirmou que houve uma reunião com o alto comando das Forças Armadas. E que Bolsonaro “pediu apoio para barrar o avanço do Judiciário sobre os outros poderes e que a posse de Lula fosse adiada por seis meses até que a equipe de juristas fizesse uma investigação sobre favorecimento a Lula”.

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Jair Bolsonaro ao lado de Mauro Cid
Ramiro dos Caminhoneiros em bloqueio da Via Dutra, no Rio
Ramiro com Bolsonaro em janeiro de 2022
Então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier seria entusiasta da ruptura democrática, de acordo com delação de Mauro Cid
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Conversas encontradas pela PF no celular de Mauro Cid levaram a PF aos oficiais indiciados nesta quinta-feira

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Jair Bolsonaro ao lado de Mauro Cid

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Então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier seria entusiasta da ruptura democrática, de acordo com delação de Mauro Cid

Isac Nóbrega/PR

Segundo Generoso, o então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, foi contra o plano golpista.

“Freire Gomes foi contra e disse que não valia a pena ter 20 anos de problemas por 20 dias de glória e falou que não apoiaria ou atenderia o chamado do presidente pra moderar a situação mesmo após Bolsonaro apresentar vários indícios de parcialidade em favor de Lula pelo TSE [Tribunal Superior Eleitoral] e STF [Supremo Tribunal Federal]”, contou.

Outro apoiador de Bolsonaro

Além de Generoso, em janeiro deste ano, em entrevista ao Metrópoles, o radical bolsonarista Ramiro Alves da Rocha Cruz Júnior, conhecido como o Ramiro dos Caminhoneiros, que chegou a ser apontado como um dos líderes dos atos golpistas do 8 de Janeiro, detalhou informações sobre uma reunião entre Bolsonaro e os comandantes das Forças Armadas, ocorrida no fim do ano passado.

Na ocasião, Ramiro afirmou que Bolsonaro já vinha preparando terreno para os militares, e que realizou uma reunião com a presença dos comandantes. Segundo ele, Bolsonaro teria dito: “Ó, deixei preparado, o pessoal não apresentou código fonte, então, a nação pode estar sendo roubada. Podemos estar diante de uma grave ameaça, e eu queria posição de vocês para saber: se eu assinar, vocês vão fazer o que tem que ser feito?”.

Na delação, Cid afirmou que Bolsonaro recebeu do assessor Filipe Martins uma minuta de decreto que previa convocação de novas eleições e a prisão de adversários.

Ramiro disse, ainda em janeiro, que em resposta ao questionamento de Bolsonaro, “dois terços das Forças falaram que não e que iriam prender ele [Bolsonaro] ainda”. “Até onde eu sei, o da Marinha foi o único que falou: ‘Presidente, eu estou com o senhor, porque eu enxergo essa ameaça’. Os outros dois falaram: ‘Ó, nós não estamos e nós vamos te prender, presidente, se o senhor assinar’”, afirmou.

As falas de Ramiro condizem com a delação de Cid, que em depoimento à PF disse que o ex-comandante da Marinha se manifestou de forma favorável ao plano golpista de Bolsonaro. O almirante Almir Garnier, então comandante da Marinha, é o mesmo que se recusou a comparecer à cerimônia de entrega do cargo ao comandante Marcos Sampaio Olsen, na posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ao Metrópoles, na época, Ramiro afirmou que o encontro foi uma reunião do “Conselho da Defesa”, órgão de consulta do Presidente da República em assuntos relacionados à soberania nacional e à defesa do Estado democrático.

O conselho, no entanto, é composto pelos chefes das três Forças, mas também pelo vice-presidente, na época Hamilton Mourão, pelos presidentes do Senado e da Câmara, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Arthur Lira (PP-AL), e pelos ministros da Defesa (na época, Paulo Sérgio Nogueira), das Relações Exteriores (Carlos Alberto França), da Justiça (Anderson Torres) e do Planejamento.

O Metrópoles procurou a Marinha para que ela comente o caso, mas não houve retorno.

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