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Alexandre Nardoni, condenado por matar a filha, nega teste psicológico

Segundo promotor, Nardoni terá que fazer exame para mostrar que se arrepende do crime que cometeu. Ele nega a autoria

atualizado

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Reprodução; Polícia Civil
Alexandre Nardoni e Isabella Nardoni
1 de 1 Alexandre Nardoni e Isabella Nardoni - Foto: Reprodução; Polícia Civil

Preso desde 2008 e condenado a mais de 30 anos de prisão pela morte da própria filha, jogada da janela do sexto andar de um prédio aos 5 anos, Alexandre Nardoni, de 42 anos, pode ter dificuldades para migrar para o regime aberto, ou seja, quando o preso passa a cumprir a pena fora da cadeia. 

De acordo com o promotor que acompanha a execução da pena dos presos em Tremembé, onde Nardoni cumpre o regime semiaberto, Luiz Marcelo Negrini aponta que o maior obstáculo será justamente o próprio assassinato cometido por ele.

Segundo ele, para que haja a progressão da pena, é preciso se submeter a testes psicológicos e se mostrar arrependido do crime que cometeu, algo que o pai da Isabella nunca fez.

As informações são do jornalista Ulisses Campbell, da coluna True Crime, do jornal O Globo.

Migração de regime de Alexandre Nardoni

A morte de Isabella aconteceu no dia 29 de março de 2008. O pai dela foi preso temporariamente quatro dias depois. E a partir desse momento sua sentença começou a ser contabilizada para progressão de regime.

Em 11 de agosto de 2010, com um sexto da pena cumprido, Alexandre Nardoni migrou para o semiaberto, beneficiando-se das saidinhas cinco vezes por ano.

Daqui a pouco mais de um mês, no dia 4 de abril de 2024, Nardoni terá cumprido dois quintos da sentença e estará apto a pedir progressão para o regime aberto. No entanto, Negrini aponta que isso não significa que a saída da penitenciária seja automática.

“Ele vai ter que fazer o exame criminológico e o teste de Rorschach para mostrar como lida com o crime que cometeu e, principalmente, para provar que está arrependido de ter matado a própria filha”, disse o promotor ao jornalista.

Porém, é justamente este o empecilho a ser superado por Nardoni: ele nunca admitiu ter matado Isabella. O pai da menina sustentou ser inocente no Tribunal do Júri, em 2010, e em todos os exames criminológicos que fez dentro de Tremembé.

Segundo a versão dele, um ladrão entrou em seu apartamento quando a menina estava sozinha. O assaltante teria pego uma tesoura na gaveta da cozinha, cortado a tela de proteção da janela do quarto das crianças e arremessado a vítima lá do alto.

Teste criminológico

A prova de Rorschach, também conhecida como “teste do borrão de tinta”, traz 10 pranchas brancas, oito delas com manchas abstratas pretas e duas com desenhos coloridos. O psicólogo apresenta uma a uma ao detento, que precisa dizer o que vê em cada uma delas durante duas horas.

É comum que criminosos, principalmente os não-confessos, evitem passar pelo teste por receio de que elerevele elementos como uma personalidade violenta e desejos assassinos. Ao final da aplicação, o profissional responsável elabora laudos remetidos ao juiz responsável, que leva o resultado em consideração ao decidir se autoriza ou não a liberdade.

No passado, em 2019, a Justiça já havia determinado que Nardoni fizesse a prova de Rorschach, mas ele se recusou a fazer o teste. Ainda assim, a Justiça concedeu as saidinhas de Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia das Crianças e Natal/Ano Novo.

Os promotores, contudo, recorreram a instâncias superiores, e Alexandre acabou perdendo o benefício.

“A Justiça costuma ser mais benevolente quando concede as saidinhas porque é uma liberdade muito curta (cada uma tem sete dias). Mas, para mandar o preso para a liberdade, as exigências são mais rigorosas”, explica Luiz Marcelo Negrini. A pena de Nardoni só termina em 2035.

Dificuldade

Para se ter uma ideia de como Nardoni não deve obter facilmente a progressão de regime, Suzane von Richthofen, de 40 anos, também em Tremembé, foi submetida ao teste por quatro vezes, por meio de ordem judicial.

Em todas as provas, não foi detectado, pelo psicólogo aplicador, arrependimento pela morte dos pais.

No caso dela, os laudos constataram narcisismo, agressividade camuflada e personalidade infantil. O resultado contribuiu para que a saída da cadeia demorasse mais. Embora já estivesse apta, pelo tempo cumprido de pena, a obter o regime aberto em 2018, Suzane só deixou a penitenciária em 2023.

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