Alesp: Conselho de Ética concluirá caso de Mamãe Falei em até 2 meses
Conselho recebeu 12 representações contra Arthur do Val por falas machistas sobre ucranianas; deputado já foi notificado para se defender
atualizado
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São Paulo – O deputado Arthur do Val (Podemos) já é alvo de 12 representações no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) por conta de suas falas machistas sobre mulheres ucranianas. A presidente do grupo, a deputada Maria Lucia Amary (PSDB), se disse “estarrecida” com o discurso do parlamentar, e promete fazer o que puder para tocar o processo contra ele de forma responsável e ágil.
Ela prevê que uma decisão deve ser tomada em até dois meses. O grupo é composto por dez deputados, que vão analisar nove representações individuais e três coletivas, que ao todo unem 38 deputados de diferentes partidos em prol de cassar Arthur do Val.
Caso o conselho decida pela suspensão ou cassação, a decisão será remetida ao Plenário da Assembleia, que poderá referendar ou não a decisão. Ao Metrópoles, Amary disse que o diálogo de Arthur do Val com seus colegas do Movimento Brasil Livre (MBL), que foram revelados pela coluna de Igor Gadelha, é “sexista e discriminatório”.
“Como mulher, fiquei bastante estarrecida. Foi um diálogo bastante sexista e também discriminatório em relação à classe social, disse que mulheres pobres são fáceis. Tem uma comoção dos deputados como um todo. É a primeira vez que acontece uma movimentação tão grande de deputados dos mais diferentes partidos se unirem em um pedido de representação. Isso mostra a gravidade da situação”, afirmou.
A presidente conta que já enviou as representações para todos os membros do Conselho de Ética e também para Do Val nesta segunda-feira (7/3). Ele terá o prazo de cinco sessões legislativas para apresentar a defesa prévia.
Depois disso, o conselho se reunirá para definir a admissibilidade do processo e definir o relator. Em seguida, o relator dará o parecer, que será submetido a julgamento. Segundo a presidente, se tudo correr dentro da normalidade e os prazos forem cumpridos, ela espera concluir o processo em dois meses.
“Mas eu não sei quais serão os argumentos jurídicos ou se haverá tentativas de protelar a ação. De qualquer maneira, eu farei tudo para que possamos dar rapidamente uma resposta para a sociedade. É muita pressão por conta da gravidade da repercussão”, falou.
Para Amary, o caso mancha a imagem da Alesp – a maior assembleia legislativa da América Latina – e revela um comportamento “em descompasso com a sociedade”.
“O mundo está todo em comoção com a situação da Ucrânia, então num momento de fragilidade. Quando as mulheres estão lutando pela vida, um político faz uma observação desta natureza, a imagem fica comprometida. Por isso precisamos dar uma resposta, mas eu dependo do colegiado”, destaca.
Não é a primeira vez que a Casa está envolvida em polêmicas: no ano passado, o deputado Frederico D’Ávila (PSL) xingou o papa e arcebispos da Igreja Católica de “pedófilos safados” e “vagabundos”. Antes disso, o deputado Fernando Cury (sem partido) assediou a deputada Isa Penna no plenário.
A deputada Marina Helou (Rede), parte do Conselho de Ética, disse que não pode se manifestar para julgar o caso com isenção, mas afirmou que, como mulher eleita, tem “compromisso de que as instituições não sejam coniventes com esse tipo de discurso”.
“Mostra como a política e nossa sociedade tratam as mulheres, e por isso a gente precisa lutar que haja mais mulheres na política”, opina.