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Alesp cassa mandato do deputado Arthur do Val, que fica inelegível

Todos os 73 deputados que estavam presentes votaram pela cassação do mandato. Ele perde os direitos políticos por oito anos

atualizado

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José Antonio Teixeira/Alesp
O deputado Arthur do Val, o Mamãe Falei. Ele tem cabelos pretos, barba e usa roupa escura- Metrópoles
1 de 1 O deputado Arthur do Val, o Mamãe Falei. Ele tem cabelos pretos, barba e usa roupa escura- Metrópoles - Foto: José Antonio Teixeira/Alesp

São Paulo – A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) decidiu, por unanimidade, cassar o mandato do ex-deputado Arthur do Val (União) nesta terça-feira (17/5). Com isso, ele perde os direitos políticos e fica inelegível por oito anos.

Por 73 votos, o plenário manteve a deliberação do Conselho de Ética, que decidiu que Mamãe Falei quebrou o decoro parlamentar ao proferir falas sexistas sobre mulheres ucranianas no início de março. O caso foi revelado pela coluna de Igor Gadelha, do Metrópoles.

Ninguém votou contra a cassação. Para confirmar a perda de mandato, eram necessários 48 votos entre os 94 deputados estaduais.

Em 20 de abril, Arthur do Val renunciou ao mandato. Entretanto, a Casa encarou a renúncia como uma manobra para evitar a inelegibilidade, e manteve o processo contra ele.

No início da sessão, o advogado do parlamentar, Paulo Henrique Franco Bueno, se manifestou brevemente. Ele reafirmou que os áudios foram obtidos de forma ilícita e, por isso, não poderiam servir como provas no processo. Destacou, ainda, que a pena de perda de mandato é desproporcional, citando o caso do deputado Fernando Cury, que assediou a deputada Isa Penna (PCdoB) no ano passado – mas foi punido apenas com uma suspensão de 180 dias.

Após a votação, o presidente da Alesp, Carlão Pignatari (PSDB), disse: “Eu fico muito triste ainda, no ano em que nós estamos, ouvir ainda sobre assédio, machismo, sexismo. Eu espero que nós possamos, na Alesp, dar um grande exemplo de que aqui isso não irá acontecer. Quero pedir novamente à embaixatriz da Ucrânia desculpas, isso não é o pensamento do parlamento de São Paulo, desculpa a todo o povo ucraniano e às mulheres do mundo todo”.

Em nota, o deputado Arthur do Val afirmou que a decisão do plenário da Alesp “deixa claro que foi promovida uma perseguição” contra ele, “e que o motivo principal não era o seu mandato, ao qual já renunciou, mas sim retirá-lo da disputa eleitoral deste ano”.

“A desproporção da sua punição fica evidente já que a mesma Casa foi branda em relação a casos muito mais graves, como o do parlamentar Fernando Cury, que apalpou os seios de uma deputada e foi suspenso por apenas seis meses”, afirmou.

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Dono do canal MamãeFalei, no YouTube, Arthur se autodeclara liberal e utiliza a plataforma de vídeo para disseminar suas ideias. Com mais de 2 milhões de seguidores, Arthur ocupa considerável espaço na direita conservadora do Brasil
Durante um tempo, foi apoiador ferrenho de Jair Bolsonaro mas, em 2019, assumiu pensamento convergente ao do MBL
Em 2018, após se filiar ao DEM, o youtuber foi eleito deputado estadual de São Paulo. Em novembro de 2019, no entanto, foi expulso do partido sob o pretexto de ter atitudes divergentes às ideias da sigla
Em 2020, Arthur se filiou ao Patriota e disputou a prefeitura da cidade de São Paulo, terminando na quinta colocação. Focado em disputar o Palácio dos Bandeirantes nas eleições de 2022, do Val se filiou ao Podemos
No final de fevereiro deste ano, em meio à guerra na Ucrânia, o deputado e o coordenador do MBL, Renan Santos, viajaram para o país europeu
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Arthur Moledo do Val, nascido em 1986, é um deputado, empresário e youtuber brasileiro. Natural de São Paulo, fez parte do Movimento Brasil Livre (MBL) e já foi filiado ao Democratas (DEM), Patriota e ao Podemos (PODE). Atualmente está filiado ao União Brasil

Reprodução/Instagram
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Dono do canal MamãeFalei, no YouTube, Arthur se autodeclara liberal e utiliza a plataforma de vídeo para disseminar suas ideias. Com mais de 2 milhões de seguidores, Arthur ocupa considerável espaço na direita conservadora do Brasil

Arquivo pessoal
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Durante um tempo, foi apoiador ferrenho de Jair Bolsonaro mas, em 2019, assumiu pensamento convergente ao do MBL

Fábio Vieira/Metrópoles
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Em 2018, após se filiar ao DEM, o youtuber foi eleito deputado estadual de São Paulo. Em novembro de 2019, no entanto, foi expulso do partido sob o pretexto de ter atitudes divergentes às ideias da sigla

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Em 2020, Arthur se filiou ao Patriota e disputou a prefeitura da cidade de São Paulo, terminando na quinta colocação. Focado em disputar o Palácio dos Bandeirantes nas eleições de 2022, do Val se filiou ao Podemos

Fábio Vieira/Metrópoles
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No final de fevereiro deste ano, em meio à guerra na Ucrânia, o deputado e o coordenador do MBL, Renan Santos, viajaram para o país europeu

Fábio Vieira/Metrópoles
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Segundo eles, o objetivo do grupo na Ucrânia era conversar com pessoas que estão enfrentando a guerra. Renan afirmou que o convite foi feito a eles por ativistas que participaram dos protestos ucranianos de 2014, batizados de Euromaidan

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Contudo, dias após chegarem ao país europeu, Arthur do Val teve áudios vazados com comentários machistas e sexistas contra policiais e refugiadas ucranianas. Em um deles, o deputado utiliza termos escatológicos, afirmando que as mulheres são “fáceis, porque são pobres” e que “eram minas que se ela cagar você limpa o cu delas com a língua”

Reprodução/Instagram
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A repercussão negativa dos comentários de Arthur fez com que ele declinasse da disputa pelo estado de São Paulo e se desligasse do Podemos. Além disso, a ação do deputado ainda lhe rendeu uma série de comentários negativos no Brasil e no Mundo. Apesar disso, logo após as falas sexistas, Arthur do Val se filiou ao União Brasil

Rafaela Felicciano/metrópoles
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O deputado pediu desculpas e disse estar “repleto de problemas pessoais” após o vazamento dos áudios. “Envergonhei minha mãe, minhas tias, minha sobrinha e perdi minha namorada", afirmou

Reprodução/Instagram

Conselho de Ética

O Conselho de Ética decidiu pela perda de mandato de Do Val em 12 de abril, de forma unânime, mas a sanção precisava ser confirmada pelo plenário.

Na ocasião, o colegiado acolheu o parecer do relator do processo, Delegado Olim (PP), que recomendou a perda de mandato por quebra de decoro parlamentar. Em seu voto, Olim disse que as falas de Do Val “foram corroboradas pelas publicações do próprio representado divulgadas pela imprensa e jamais foram negadas por sua defesa técnica”, portanto as considera um fato confirmado.

Olim destacou que os áudios merecem “total repúdio, recriminação, repulsa e abominação” e que “não importam as origens desses áudios, vez que ratificados integralmente pelo representado, até no teor de sua defesa”. Ainda destacou que o processo na Alesp não é ferramenta de revanchismo ou jogo político, e sim a “correta prestação de justiça”.

Áudios

Na Ucrânia, sob o pretexto de auxiliar a resistência local contra a invasão russa, o ex-deputado estadual enviou no dia 4 de março áudios a colegas do Movimento Brasil Livre (MBL).

Nas mensagens, o parlamentar afirma que as refugiadas que ele encontrou na fronteira entre a Eslovênia e a Ucrânia “são fáceis, porque são pobres”. Diz também que a fila de baladas brasileiras “não chega aos pés da fila de refugiados aqui”. Ouça:

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