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Alertas de desastres naturais crescem 15,8% no 1° trimestre

Tragédias causaram centenas de mortes no Rio de Janeiro e na Bahia, estados atingidos por fortes chuvas no início de 2022

atualizado

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Fábio Vieira/Metrópoles
Estragos e desaparecidos na cidade de Franco da Rocha, na região metropolitana de SP, após as chuvas
1 de 1 Estragos e desaparecidos na cidade de Franco da Rocha, na região metropolitana de SP, após as chuvas - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

Diversas cidades da Bahia foram atingidas por fortes chuvas durantes o fim de semana de Páscoa. Pelo menos 20 casas precisaram ser evacuadas por causa do risco de desabamento em Salvador. A situação é parecida com os desastres registrados no ano passado no sul do estado, que provocaram ao menos 27 mortes.

O Rio de Janeiro também foi castigado pelas chuvas. Em Petrópolis, ao menos 241 pessoas foram vítimas dos temporais que atingiram a cidade em fevereiro e março.

A repetição de tragédias é comprovada em números. Segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o número de alertas emitidos para desastres naturais, como inundações, enxurradas e deslizamentos cresceu 15,8% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Foram 1.410 notificações desse tipo em 2021, contra 1.633 neste ano.

“O aumento no número de alertas está associado às mudanças climáticas”, explica o diretor do Cemaden, o físico Osvaldo Moraes. Segundo ele, com o aquecimento global, o número de “eventos extremos” aumentou.

Subnotificação

Esses números são, entretanto, muito menores do que a realidade. O Cemaden, instituição vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), é responsável pelo monitoramento de ameaças naturais em áreas de risco em municípios brasileiros suscetíveis à ocorrência de desastres naturais, além de realizar pesquisas e inovações tecnológicas para a melhoria do sistema de alerta antecipado.

O órgão, entretanto, amarga nos últimos anos uma verba considerada insuficiente para a área de atuação.

Segundo dados do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop), o Cemaden teve um orçamento de R$ 14,2 milhões em 2021 – menor valor desde a sua criação, em 2011. Em 2020, a verba havia sido de R$ 18,5 milhões.

Neste ano, o valor foi elevado novamente para R$ 18,5 milhões. Entretanto, segundo a própria instituição, o dinheiro serve apenas para manter algumas áreas de monitoramento, sem qualquer chance de expansão do trabalho. Para comparação, em 2013, a instituição recebeu R$ 90,2 milhões.

“Este ano recuperamos parcialmente o que perdemos no ano passado, mas com isso não vamos conseguir avançar: vamos acabar só voltando ao mesmo estado de antes apenas”, explica Moraes.

Desde 2017, por exemplo, a Estação Total Robotizada (ETR), equipamento capaz de detectar a movimentação de terra e, assim, ajudar a evitar possíveis deslizamentos nos morros, não estava presente em Petrópolis. Segundo a BBC News, na ocasião, o equipamento estava em Cachoeira Paulista (SP), em uma unidade do órgão. O motivo seria a falta de recursos para manter o equipamento funcionando no local.

Áreas de risco

Segundo Moraes, o maior gargalo encontrado pelos especialistas está na incapacidade de expansão do monitoramento. Hoje, apenas 50% da população brasileira vive em áreas com cobertura do Cemaden. Um dos critérios para monitoramente é a cidade já ter registrado um desastre ambiental, o que impede a instituição de monitorar novas áreas para evitar tregédias.

“O orçamento não é o suficiente para ampliar o monitoramento no país, e, consequentemente, aumentar quem pode receber alertas de desastres”, diz o diretor.

O Metrópoles questionou o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) sobre os recursos enviados para o Cemaden, mas até a publicação não havia conseguido um retorno. O espaço permanece aberto.

Brasil: relembre as tragédias causadas pelas chuvas nos últimos anos:

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Segundo a Confederação Nacional de Municípios (CNM), só entre 2017 e janeiro de 2022, as chuvas já causaram inúmeros prejuízos aos cofres públicos, além das tragédias familiares
No início de 2022, chuvas intensas atingiram diversas regiões de São Paulo e causaram desmoronamentos, alagamentos, deslizamentos de terras e a morte de sete crianças e 14 adultos. Segundo o governo do estado, a tragédia ainda deixou 500 mil famílias desabrigadas ou desalojadas
Também em 2022, intensas chuvas causaram o rompimento do dique da barragem da Mina de Pau Branco, localizado no município de Nova Lima, Minas Gerais, e fez com que grande bloco de pedra se desprendesse de cânion do Lago de Furnas, localizado em Capitólio, e atingisse lanchas turísticas. Quatro embarcações foram atingidas e duas delas afundaram com o impacto. Ao menos 10 pessoas morreram e dezenas ficaram gravemente feridas
Em fevereiro de 2022, chuvas intensas atingiram a região de Petrópolis, no Rio de Janeiro, e causaram desmoronamentos, alagamentos e deslizamentos de terras. Pelo menos, 152 pessoas morreram
Em dezembro de 2021, fortes chuvas causaram inundações em diversas regiões da Bahia. De acordo com a Defesa Civil do estado, os temporais deixaram mais de 20 mortos e pelo menos 3,7 mil pessoas desabrigadas
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Não é novidade a ocorrência de tragédias provocadas por tempestades no Brasil. Embora o grande volume de chuva não seja atípico no país, principalmente na Região Sudeste, alguns estados ainda sofrem com deslizamentos de terras e alagamentos

Luciano Belfort/Especial Metrópoles
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Segundo a Confederação Nacional de Municípios (CNM), só entre 2017 e janeiro de 2022, as chuvas já causaram inúmeros prejuízos aos cofres públicos, além das tragédias familiares

Divulgação
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No início de 2022, chuvas intensas atingiram diversas regiões de São Paulo e causaram desmoronamentos, alagamentos, deslizamentos de terras e a morte de sete crianças e 14 adultos. Segundo o governo do estado, a tragédia ainda deixou 500 mil famílias desabrigadas ou desalojadas

Divulgação/Prefeitura de Franco da Rocha
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Também em 2022, intensas chuvas causaram o rompimento do dique da barragem da Mina de Pau Branco, localizado no município de Nova Lima, Minas Gerais, e fez com que grande bloco de pedra se desprendesse de cânion do Lago de Furnas, localizado em Capitólio, e atingisse lanchas turísticas. Quatro embarcações foram atingidas e duas delas afundaram com o impacto. Ao menos 10 pessoas morreram e dezenas ficaram gravemente feridas

Reprodução/ Vídeo
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Em fevereiro de 2022, chuvas intensas atingiram a região de Petrópolis, no Rio de Janeiro, e causaram desmoronamentos, alagamentos e deslizamentos de terras. Pelo menos, 152 pessoas morreram

Luciano Belfort/Especial Metrópoles
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Em dezembro de 2021, fortes chuvas causaram inundações em diversas regiões da Bahia. De acordo com a Defesa Civil do estado, os temporais deixaram mais de 20 mortos e pelo menos 3,7 mil pessoas desabrigadas

Facebook/ Reprodução
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Em 2020, fortes chuvas atingiram o litoral paulista, deixaram 45 mortos por deslizamento de terra e dezenas de famílias sem moradia. Além de civis, dois bombeiros que ajudavam no resgate das vítimas também morreram soterrados. Essa foi considerada uma das maiores tragédias do estado

Fábio Vieira/Especial Metrópoles
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Em 2019, intensas chuvas causaram deslizamentos nas cidades de Recife, Lima, Abreu e Olinda, em Pernambuco. Cerca de 1,6 mil pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas e 11 foram mortas. Uma jovem grávida de 8 meses estava entre as vítimas

Divulgação/ Prefeitura de Camaragibe
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Em 2011, a chuva na Região Serrana do Rio de Janeiro causou a morte de ao menos 900 pessoas. A tragédia foi considerada a maior catástrofe natural do país

Reprodução/ TV Globo
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Durante o Réveillon de 2010 em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, ao menos 53 pessoas morreram soterradas devido a intensas chuvas na região

Reprodução TV Globo
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Em 2008, temporais tomaram 60 municípios de Santa Catarina e deixaram mais de 150 mortos vítimas de soterramentos ou enchentes e ao menos 80 mil pessoas desalojadas

Reprodução/ TV Globo

 

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